Update.

Os dados econômicos divulgados hoje no Brasil e nos EUA apenas reforçaram o cenário de fragilidade da economia brasileira e sinais construtivos para o crescimento dos EUA, em um ambiente de inflação gradualmente mais firme.

No Brasil, o IBC-Br de outubro, segundo nossa área econômica, embora tenha vindo acima do esperado (-0,48%m/m dessaz vs. BBG: -0,6%m/m dessaz e -5,28%a/a vs. BBG: -5,50%a/a), a leitura de outubro do IBC-Br foi bastante fraca (um péssimo início de trimestre). A média móvel trimestral de crescimento foi de -5,3% (taxa anualizada). As pesquisas setoriais mostraram quedas interanuais mais intensas que o IBC-Br. Vemos riscos para baixo na nossa atual projeção de -2%a/a para o último trimestre.

No campo político, mesmo com todos os ruídos vivenciados nos últimos dias, o governo avança no congresso com a Reforma da Previdência na CCJ, após a tranquila aprovação da PEC do Teto dos Gastos.

Nos EUA, o Core CPI ficou dentro das expectativas do mercado, mostrando um cenário de alta apenas gradual da inflação no país. Os dados de atividade econômica, contudo, mostraram um quadro mais positivo, com uma alta relevante do Empire Manufacturing de dezembro, de 1,5 para 9,0, um Philly Fed subindo de 7,6 para 21,5 e o Markit US Manufacturing PMI passando de 54,1 para 54,2. O Jobless Claims caiu marginalmente, de 258k para 254k. O NAHB Housing Market Index subiu de 63 para 70.

Os números mostraram uma economia em bases sólidas e, inclusive, colocando algum risco positivo para o cenário de crescimento de curto-prazo. Os dados de hoje em nada alteram a visão descrita pelo Fed em sua decisão de política monetária apresentada ontem. Vale lembrar que este quadro se desenha antes mesmo que qualquer medida de estímulo fiscal seja anunciada pelo novo governo eleito.

Até o presente momento, os ativos de risco estão digerindo de forma bastante tranquila a decisão do Fed na tarde de ontem. A despeito da abertura das taxas das Treasuries, vemos um movimento de fortalecimento do dólar mais concentrado contra G10, com os mercados emergentes reagindo de forma fluida e tranquila. As bolsas continuam olhando o movimento de “reflation” como positivo para crescimento, para o setor corporativo e para as commodities.

Acredito que a velocidade de abertura das taxas das Tresuries nos EUA é mais importante do que sua direção. Enquanto o movimento for suave, poderemos conviver com uma diferenciação entre os ativos de risco. Se o movimento se tornar mais rápido e acentuado, poderemos ter momentos de “risk-off” mais generalizado, como o verificado na tarde de ontem. Acredito que iremos conviver com momentos de maior tranquilidade e diversificação, pontuados por períodos de maior stress.


Ainda vejo um movimento estrutural de fortalecimento de dólar no mundo, sustentado pela abertura de taxa de juros nos EUA. Continuo buscando posições que visem juros mais baixos no Brasil. Mantenho postura mais tática no BRL e no Ibovespa, mesmo já vendo valor em alguns setores para o cenário de Brasil que tenho em mente.

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