Update

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, a espera dos dados de emprego de novembro nos EUA, agendados para serem divulgados hoje, as 11h30.

No Brasil, os jornais de hoje estão apontando para uma tentativa de reação do governo a “crise política” em curso. Segundo a mídia, o governo pretende acelerar as reformas econômicas, e buscar diálogo com sua base aliada, em especial, o PSDB. Acho que esta é uma postura acertada, mas, talvez, dado o humor do mercado financeiro e da sociedade, não seja suficiente para debelar, de uma vez por todas, os ruídos do curto-prazo.

A situação de Meirelles começa a parecer mais frágil diante do baixo crescimento do país. Acredito que muito disto, contudo, seja exagero da mídia, querendo maximizar um obstáculo pontual e transforma-lo em uma crise política de dimensões gigantescas, assim como ocorreu com o episódio da obra na Bahia a duas semanas atrás. Não quero minimizar o problema do baixo crescimento, mas acho que a mídia costuma exacerbar questões que deveriam ser tratadas com mais celeridade.

Ainda não há indicações de como o governo irá lidar com as tratativas do Congresso em aprovar medidas que visam atenuar eventuais investigações e/ou crimes cometidos pela classe política. Este é um assunto que incomoda, em muito, a sociedade, e começou a tirar a paciência dos mercados financeiros locais nos últimos dias. Ainda acredito que, no final das contas, Temer irá tomar as decisões corretas como, por exemplo, vetar medidas nesta direção mas, sem dúvida, pode vir a criar desgaste junto a sua base e/ou perante a sociedade. Isso, no curto-prazo, está incomodando um mercado cada vez mais sensível a temas políticos em meio a um cenário de crescimento pífio e necessidade de aceleração das reformar econômicas.

Por ora, tenho que dar o benefício da dúvida ao governo, já que o ajuste fiscal ainda caminha dentro do cronograma, com a aprovação da PEC do Teto do Gasto e a sinalização de que a Reforma da Previdência será encaminhada em breve as centrais sindicais e ao congresso. Imagino que este debate será muito mais longo, tortuoso e de difícil negociação, mas fundamental para o avanço estrutural do país.

Em um artigo no Valor, Alex Ribeiro discute quando que o BCB irá alterar o horizonte relevante de política monetária, a fim de permitir uma aceleração do processo de queda da taxa Selic. Segundo ele:

As projeções de inflação para o ano seguinte são bem melhores, por isso se o Copom deslocar seu alvo para o começo de 2018 aumenta o espaço para uma distensão monetária mais pronunciada. Com juros estáveis em 14%, a inflação cai a 3,6%. Se o BC cortá­los no ritmo mais forte esperado pelo mercado, ficaria em 4,6%, basicamente cumprindo a meta. O BC vem insistindo que atribui pesos iguais a essas duas metas ­ 2017 e 2018 ­ e que não há incompatibilidade em persegui­las ao mesmo tempo. Em algum momento, porém, inevitavelmente terá que focar na meta de 2018. Não porque abandonará a meta de 2017; a meta de 2017 é que terá abandonado o Copom. Ela já estará praticamente fora do raio de influência da política monetária. Talvez o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, estivesse se referindo a esse fato em fins de setembro, quando passou a lembrar o mercado de que o alvo da política monetária vai se deslocando ao longo do tempo. "O horizonte relevante das ações de política monetária não é estático. Ele se desloca continuamente com o passar do tempo", disse. "À medida que avançam os meses, as ações de política monetária passam a dar mais importância, de maneira gradual, para períodos igualmente à frente." Se há um instante teórico em que o Copom vira a página do calendário, o mais difícil é defini­lo na prática. Em setembro, o diretor de política econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, destacou que não há um "momento mágico" em que o foco passa de um período para o seguinte. A reunião do Copom de janeiro será uma bifurcação em que a política monetária poderá seguir no caminho da meta de 2017 ou tomar o rumo de 2018. Textos técnicos do BC mostram que o efeito máximo da política monetária ocorre cerca de um ano e meio depois de tomada a decisão. Mas cerca de metade desse efeito é sentido perto de um ano depois dessa mesma decisão. Como em janeiro terá passado um trimestre desde que Ilan levantou a discussão sobre o deslocamento contínuo do horizonte de política monetária, é possível que o Copom já esteja examinando com mais cuidado a inflação projetada para o primeiro trimestre de 2018.



 

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