Digerindo a decisão do Fed.
Os ativos de risco continuam digerindo a decisão do FOMC da tarde de ontem, mantendo basicamente as tendências verificadas ao longo do final da quarta-feira. O destaque fica por conta de mais um movimento de forte abertura de taxas de juros nos EUA.
A Treasury 10 anos parece estar rompendo, definitivamente, o patamar de 2,5%, com a Treasury de 5 anos ultrapassando o nível de 2,0%. Observamos um movimento representativo de “bear flattening” da curva de juros nos EUA desde a divulgação do comunicado na tarde de ontem, o que deverá ter consequências para os demais ativos de risco. Por ora, o movimento mais óbvio continua a ser de suporte ao dólar no mundo. Contudo, se estas tendências forem mantidas, acredito que os demais ativos de risco, especialmente nos atuais níveis, como as bolsas norte americanas, por exemplo, podem ficar em situação mais frágil no curto-prazo.
Na agenda do dia, o teremos o Core CPI nos EUA. Frente às novas informações apresentadas pelo Fed, acredito que o número tenha se tornado assimétrico. Um Core CPI abaixo de 0,2% MoM pode dar algum alívio aos ativos de risco, porém apenas temporário, um número acima de 0,3% MoM, contudo, pode acabar “jogando gasolina em uma fogueira já em chamas”, ou seja, pode acabar acentuando os movimentos de abertura de taxas de juros nos EUA, e sustentar uma nova rodada de dólar forte, quedas das bolsas e das commodities.
Na Austrália, os dados de emprego de novembro ficaram acima das expectativas, o que está dando suporte ao AUD essa manhã. O número reduz a probabilidade, que já era baixa, de novos cortes de juros por parte do RBA. Ainda parece cedo para afirmar que o cenário para o país tenha se tornado mais positivo, mas os números de emprego mostram uma trajetória mais construtiva nos últimos 2 meses.
O Brasil, a despeito de suas peculiaridades, não está uma ilha isolada, e deve sofrer os efeitos dos movimentos externos, pelo menos no curto-prazo. Aguardo um maior prêmio na parte curta e intermediária da curva local de juros para voltar a ter alocações relevantes. Frente ao cenário externo, prefiro manter postura neutra no mercado de câmbio e tática no mercado de renda variável.
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