Brasil: Incerteza política vs avanço da Reforma da Previdência.

Na ausência de novidades relevantes ao cenário, os ativos de risco operam próximos a estabilidade esta manhã. Destaque apenas para a queda do AUD, após a divulgação de um PIB abaixo do esperado na Austrália (queda de 0,5% QoQ contra expectativas de queda de 0,3% QoQ). A queda do PIB foi superior ao que era esperado pelo RBA, o banco central do país, e foi bastante disseminada. Segundo a Goldman Sachs: 

Australian GDP surprised by declining -0.47%qoq in the September quarter, compared to a consensus forecast of -0.1%qoq and Goldman Sachs forecast of -0.3%qoq. The annual rate for economic growth slowed from 3.1%yoy in the June quarter to 1.8%yoy in the September quarter. The decline was relatively broad based with subdued private consumption (+0.4%qoq), declining dwelling investment (-1.4%qoq), falling business investment (-3.2%qoq ex transfers), contracting government demand (-2.2%qoq) and net exports subtracting from growth in the quarter (-20ppts). The broad based nature of the contraction hints that external influences were at play and we have been highlighting the influence of an unseasonally wet and warm weather pattern on construction activity and retail sales in the quarter and a spike in policy uncertainty that was associated with the Federal election. Whilst this is the first quarterly contraction since the Queensland floods of 1Q2011 and cautions against complacency, it is more likely an aberration than a start of a new trend. The good news is that economies tend to normalise relatively quickly off weather and political shocks and we already see some evidence of this in the most recent improvements in the high frequency economic data such as retail sales, job ads and the PMI data.

No Brasil, a situação política com o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado segue indefinida. O plenário do STF irá se reunir hoje para definir a situação, mas tudo indica que deverá manter a decisão de Marco Aurélio de Mello. Os jornais de hoje especulam que o vice presidente do Senado, Jorge Vianna, do PT, poderia vir a renunciar ao cargo, deixando a presidência da casa para Romero Jucá, importante aliado de Temer no Congresso. Mesmo que a renuncia não ocorra, não se sabe que postura Jorge Vianna tomaria em relação à agenda do Congresso. Sabemos, no entanto que, na piora das hipóteses, Vianna assume, não pauta mais nenhum tema importante este ano, mas novas eleições ocorrem no início do ano que vem, em torno de fevereiro. A pauta do Senado ficaria atrasada, com uma lacuna e um vácuo de poder, mas o ajuste econômico não estaria totalmente comprometido, apenas atrasado.

Enquanto o Senado vive seu momento de incerteza, o Governo apresentou a sociedade e as centrais sindicais um projeto amplo de Reforma da Previdência. Já está em andamento uma campanha de marketing que busca educar a população em torno do tema. Acredito que o debate será relativamente longo e tortuoso. Vários temas terão que ser negociados, revistos e, eventualmente, alterados na proposta original. Contudo, vejo isso como um processo natural e esperado dentro do jogo democrático. O governo continua no caminho certo, a despeito de obstáculos pontuais.

A Ata do Copom divulgada ontem apenas reforçou minha visão construtiva com o cenário para a curva de juros, ou seja, minha principal tese de investimentos de juros mais baixos no Brasil. Vejo a parte intermediária da curva nominal como o melhor ponto da curva para se posicionar. As inflações implícitas estão elevadas, na minha visão, o que pode favorecer a curva nominal em detrimento a curva real. A parte curtíssima da curva já embute um ciclo total de cortes em torno de 300bps a 350bps. Os vértices mais longos ficam susceptíveis as curvas de juros externas, e aos ruídos políticos e fiscais. Assim, resta a parte intermediária da curva nominal, onde ainda existem prêmios de risco que julgo serem exagerados.

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