Risk-on!

Os ativos de risco mantiveram a tendência positiva verificada ao longo da semana, as vésperas da reunião do FOMC nos EUA. Destaque para a forte alta no preço das commodities, lideradas pelo petróleo (-5,5%). O movimento positivo se concentrou nos ativos que mais sofreram ao longo dos últimos meses, como as commodities e as moedas emergentes, por exemplo. A redução dos “riscos de cauda”, momentaneamente, na China e nos EUA, parecem ter sido vetores importantes neste processo de estabilização dos ativos de risco.

Em termos de fundamentos propriamente ditos, observamos sinais de uma economia norte americana ainda saudável e números relativamente robustos na Europa. Na China, a economia dá sinais, ainda muito incipientes de estabilização que, aliados as medidas recentes colocadas em prática pelo governo, deveriam ajudar a dar algum suporte a economia. O mercado de câmbio continua sendo uma fonte de instabilidade, mas os últimos dias foram de movimentos menos bruscos no fixing da moeda local (CNY).

Como tecnicamente havia se formado um consenso negativo com relação a China, aos países emergentes e a economia global, os sinais de curto-prazo acabaram ajudando um movimento de ajuste de posições antes da decisão do FOMC. Eu acredito que o mercado tenha ficado excessivamente negativo com o cenário global a cerca de 2-3 semanas atrás. Nos últimos dias, verificamos um ajuste dessas posições.

Não vejo sinais de mudanças substanciais de cenário. O cenário não era tão ruim antes e nem é tão melhor agora. Olhando para frente, precisaremos verificar a confirmação de dados mais positivos na China e nos EM para que o movimento positivo dos mercados se mostre mais permanente, ou poderemos entrar em uma nova rodada de pressão sobre os ativos de risco caso a economia global (EM e China em especial) não mostrem reação. A decisão do Fed, amanhã, também será um importante variável nesta equação.

No Brasil, os ativos locais foram ajudados hoje pelo movimento externo, especialmente o BRL e a bolsa, enquanto o mercado de juros continua discutindo os próximos passos da política monetária do BCB, com artigos na mídia ventilando a possibilidade de um novo ciclo de alta de juros. A curva já precifica um ciclo adicional de alta de juros que tem girado entre 100 e 150bps. A curva sofreu um forte steepening nas últimas semanas, com o Jan21/Jan17 saindo de -140bps para próximo de zero recentemente, movimento consistente com a abertura do CDS Brasil.

O cenário político continua conturbado, o que têm embaçado o cenário econômico. Eu vejo um processo claro para o impeachment deste governo sendo desenhando nos bastidores de Brasília, o que acaba dificultando qualquer tipo de apoio as propostas de ajuste fiscal apresentadas pelo governo no começo da semana. Apenas a equalização da crise política será capaz de reduzir, pelo menos pontualmente, os riscos para a economia e os mercados locais.


A mídia voltou a falar na possibilidade de afastamento de Aloisio Mercadante da Casa Civil, ao mesmo tempo em que surgem acusações em torno da vida profissional de seu filho. A mudança seria mais um passo na direção de tentar afagar os ânimos do congresso.

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