Estabilização externa e stress doméstico.
Os mercados globais estão dando sinais de estabilização. Os
recentes eventos na China (melhora
na comunicação junto ao mercado, sinais de disposição para agir caso o
crescimento mostre arrefecimento adicional, apreciação do CNH, entre outros)
aliado as expectativas de que o Fed irá adiar o começo do processo de alta de
juros nos EUA, em conjunto com os recentes sinais do Banco Central Europeu, parecem
estar sendo vetores relevantes para a melhora do humor de mercado. Assim,
estamos diante de uma estabilização dos ativos emergentes (ex-Brasil), um
enfraquecimento do dólar, uma recuperação das commodities e alguma
estabilização das bolsas nos países desenvolvidos.
Para que este movimento seja mantido, serão necessários sinais
mais concretos de estabilização do crescimento da China (e dos demais países
emergentes) e/ou medidas ainda mais agressivas na direção de suporte a essas
economias. De qualquer maneira, os últimos dias apresentaram desenvolvimentos
que não podem ser ignorados, especialmente frente a preços de mercado
deprimidos (EMFX e Commodities, por exemplo) e uma posição técnica já preparada
para um cenário negativo dessa região.
O Brasil continua a
ser um caso à parte, passando por uma crise política e econômica com
precedentes apenas nas décadas de 80 e 90. A perda do grau de investimento
pegou o governo e o mercado desprevenidos. A reação dos ativos locais foi
clássica, com forte pressão sobre os ativos locais.
A reação do governo, por hora, está se mostrando positiva. O
governo sinaliza com uma maior urgência na aprovação de um ajuste fiscal mais
rigoroso, sinaliza a possibilidade de corte de gastos e procura algum diálogo
junto ao congresso. Resta saber se serão capazes de entregar o que voltaram a
prometer.
A Ata do Copom mostrou um BCB que pretende manter o seu plano de
voo em relação a política monetária, pelo menos por hora, mas reconhece que
estão ocorrendo mudanças relevantes no câmbio e no quadro fiscal, que podem vir
a alterar o cenário base. O cenário ainda é de manutenção dos juros por um
período prolongado, mas altas adicionais do dólar, que venham a afetar as
expectativas de inflação, podem levar o BCB a novos movimentos de alta de
juros.
No tocante a inflação, o IPCA de agosto apresentou alta de
0,22%, dentro das expectativas do mercado. O qualitativo do número, contudo,
continua ruim, com a difusão e os núcleos elevados. Esperamos que a inflação volte
a acelerar nos próximos meses.
A curva local de juros precifica altas de
43bps+22bps+29bps+25bps+8bps nas próximas reuniões do Copom. O BRL testou
patamares acima de 3,90 durante a manhã. O BCB efetuou mais um leilão de linha,
mostrando-se disposto a prover liquidez ao mercado em momentos de stress mais
agudos. A medida acabou ajudando a dar algum suporte aos mercados locais, pelo
menos pontualmente. Ao que parece, os leilões de linha serão utilizados
discricionariamente em momentos como o verificado na manhã de hoje. O mercado
ficará ainda mais confortável se as linhas ofertadas forem um pouco mais
longas.
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