Relief Continues...

Estive durante toda a quarta-feira visitando alguns clientes e parceiros. Assim, fora da mesa pelas últimas 12 horas. Contudo, devido aos importantes acontecimentos do dia, acredito que seja válido tecer alguns breves comentários sobre o cenário e os mercados. No tocante as conversar realizadas hoje, permanece o mesmo cenário dos últimos meses, ou seja, investidores ainda muito avessos a riscos de mercado, com fluxos concentrados em produtos de renda fixa CDI ou crédito CDI de baixo risco. Não há demanda por renda variável, mas já existe alguns questionamentos em torno das taxas de juros reais e nominais, com alguns sinais de propensão a investimentos nestes ativos.

Brasil – Petro: O anuncio de uma alta de preços de gasolina e diesel por parte de Petrobras foi uma clara intenção do governo em melhorar o caixa de uma companhia sem praticamente nenhum acesso ao mercado de crédito e cujos os papéis de dívida vinham sendo extremamente pressionados nos últimos dias. A medida também serve como sinalização de autonomia operacional da empresa e deve ser lida como positiva.

Reforma Ministerial: A reforma ministerial parece ser o último suspiro do governo na tentativa de frear o processo de impeachment. O aumento de poder do PMDB, e a perda de poder de Aloísio Mercadante, caso confirmados de fato, deveria, na teoria, elevar o apoio da sigla ao atual governo.

Fiscal: As contas públicas de agosto superaram as expectativas do mercado, em grande parte por questões contábeis, que dificilmente se repetirão nos próximos meses.

Conclusão: Os preços dos ativos locais estavam começando a perder parâmetro nos últimos dias. A ação conjunta do BCB, do Tesouro, da Petro e do governo, foram vetores importantes para frear este movimento. Pode até ser factível que os ativos locais continuem mostrando recuperação no curto-prazo, na esteira dessas notícias, e com um quadro técnico positivo. Contudo, apenas a equalização da crise política, de maneira definitiva, será capaz de alterar o cenário e a dinâmica de preços de maneira mais persistente e permanente.

China – O Manufacturing PMI oficial, que acabou de ser divulgado, saiu de 49,7 para 49,8 pontos, levemete acima das expectativas de 49,7 pontos. O número mostra uma frágil e incipiente tentativa de estabilização da economia, ainda em patamar preocupante. Novas medidas de suporte ao crescimento foram anunciadas nos últimos dias, o que poderia ajudar no humor em relação ao país. O cenário base, contudo, continua sendo de um crescimento estruturalmente mais baixo a longo-prazo. A China ficará em feriado de 1 a 7 de outubro (National Day).

EUA – A despeito de um fraco Chicago PMI, o ADP Employment mostrou uma saudável criação de 200 mil postos de trabalho em setembro. O setor manufatureiro continua sendo prejudicado pela alta do dólar nos últimos meses, mas hoje representa menos do que 30% da economia. O cenário para o consumo interno e para o setor de serviços continua positivo, o que deveria elevar a probabilidade de uma alta de juros por parte do Fed ainda este ano.

Europa – A inflação de setembro na Área do Euro recuou de 0,1% YoY para -0,1% YoY, abaixo das expectativas de 0,0% YoY. O numero deverá colocar pressão adicional no ECB para novas medidas de suporte ao crescimento, mesmo que parte desta pressão seja explicada pelos preços de energia e com um Core CPI estável, porém perigosamente baixo, em 0,9%.

Japão – A fraca produção industrial de agosto, com queda de 0,5% MoM, após queda de 0,8% MoM no mês anterior, e muito abaixo das expectativas de alta de 1%, coloca um elevado risco baixista para o PIB do país. Este cenário deveria elevar a probabilidade de novas medidas de expansão monetária por parte do BoJ.

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