Brasil: Algum avanço no ajuste fiscal.

Em uma segunda-feira de agenda econômica esvaziada, os ativos externos operaram a mercê de fluxos pontuais, ainda à espera da decisão do FOMC nos EUA na quarta-feira. A despeito de uma noite ainda turbulenta para as bolsas da China, podemos observar alguns sinais claros de melhora na dinâmica de alguns ativos de risco. De qualquer maneira, ainda há sinais de fragilidade nos mercados financeiros globais que precisam ser monitorados.

Na minha visão, a probabilidade de alta de juros pelo Fed nesta semana é superior a 50%. Não vejo uma alta nesta semana como negativa para os ativos de risco. Até acredito que a retirada deste vetor do cenário poderá ser lido como positivo por algumas classes de ativos. Tudo irá depender de como o FOMC irá conduzir esta eventual elevação de juros. Caso os juros sejam elevados, é provável que Yellen tente passar um sinal inequívoco de gradualismo, tanto em sua conferência após a decisão, quanto via revisões nas previsões de inflação e nos “dots” do Comitê. A ausência de uma alta nesta reunião, manterá a incerteza no cenário, podendo gerar algum alivio pontual aos mercados, mas com o Fed tentando manter viva a expectativa de uma alta de juros ainda este ano.

Na China, ainda vejo um risco não desprezível proveniente do mercado de câmbio. Não vejo como sustentável o atual ritmo de atuação do PBoC na tentativa de frear a depreciação cambial. Os eventos recentes, contudo, mostram sinais incipientes de estabilização do crescimento. As recentes medidas adotadas pelo governo deveriam ajudar a colocar um piso no crescimento e reduzir o risco de cauda de um pouso forçado no curto-prazo.

No Brasil, os ativos locais passaram o dia digerindo o anuncio de ajuste fiscal que foi ventilado pela mídia ao longo de todo o dia, e confirmado pelo governo no final da tarde. As medidas de ajuste são compostas por uma combinação de corte de despesas (R$26b) e aumento de impostos (R$45b). O corte de despesa foi o primeiro aceno concreto do governo em busca de apoio do congresso para a aprovação de medidas de aumento de impostos. Esta era uma demanda do congresso, que não estava disposto a arcar com parte relevante do ajuste fiscal, aprovando medidas impopulares e onerosas a população.


O anuncio deveria ajudar a pacificar, pelo menos pontualmente, as relações entre o congresso e o governo, abrindo um caminho de diálogo entre ambos em torno do ajuste fiscal. Frente a forte pressão que os ativos locais sofreram nas últimas semanas, é natural esperar algum tipo de alivio para os mercados brasileiros, no mínimo no curto-prazo.

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