A espera do FOMC.
Os ativos de risco parecem estar em compasso de espera para a
decisão do FOMC na semana que vem. Estamos vendo alguns sinais de estabilização,
e alguns movimentos pontuais, que me parecem mais ajustes de posições, do que
mudanças fundamentais concretas.
A semana foi marcada pela intensificação, por parte da China, de
uma melhor comunicação junto ao mercado, assim como de sinais que buscaram
reforçar a disposição dos chineses em agir afim de evitar uma desaceleração
mais acentuada da economia. Além disso, vimos movimentos que sugerem, ainda,
uma pesada intervenção do governo na tentativa de estabilizar o mercado de
câmbio. Os eventos da semana são animadores, deveriam retirar parte dos riscos
de cauda do cenário, mas foram devidamente precificados no mercado, através de
preços de commodities mais elevados e melhora dos ativos mais dependentes da
demanda da China. De qualquer maneira, precisaremos de uma recuperação mais
concreta do crescimento para que esta melhora se torne mais permanente. As
pesadas intervenções no mercado de câmbio ainda são um risco não desprezível
para o cenário.
No Brasil, ainda estamos diante de um cenário incerto e
instável. Após a perda do IG, o governo vem sinalizando com uma mudança de
postura, em busca de mais diálogo com o congresso e disposto a apresentar um
ajuste fiscal com cortes de despesas e aumento de receitas. Por hora, contudo,
nenhuma medida concreta foi anunciada. Caso as medidas não sejam implementadas,
ou acabem ficando aquém das expectativas, os ativos locais podem entrar em uma
nova espiral de deterioração. O BCB, por sua vez, parece refém deste cenário. A
Ata do Copom mostra um Comitê relutante em iniciar mais um ciclo de alta de
juros, mas o BCB pode ser forçado a uma atitude nesta direção.
Eu mantenho uma postura de baixa exposição a risco, frente as
incertezas do cenário local e externo, vis-à-vis os níveis de preço dos ativos.
Eu acredito que a tendência dos ativos locais ainda seja negativa,
especialmente no mercado de câmbio, mas próximo a 3,9, qualquer anuncio de
ajuste mais rigoroso pode acabar ajudando a dinâmica de curto-prazo. Vejo valor
na parte curta da curva local de juros, mas a volatilidade e a incerteza que se
coloca frente ao BCB impedem posições estruturais mais relevantes no
curto-prazo.
No cenário externo, a decisão do Fed, e a maneira que conduzirá
essa decisão, serão determinantes para o desempenho dos ativos de risco. Ainda
vejo um cenário positivo para os EUA e a Europa, e sinais mais animadores da
China. Ainda gosto da busca estrutural de fortalecimento do dólar no mundo, mas
o mercado pode ter ficado excessivamente comprado em dólar contra alguns pares
de moedas no curto-prazo. Acho válido olhar opcionalidades de alta nas bolsas
da Europa, mas sabendo que enfrentará um curto-prazo ainda turbulento.
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