Relief...

O dia foi de alívio para a maior parte dos ativos de risco ao redor do mundo. Não há, na minha visão, uma explicação específica para o movimento de hoje, mas um conjunto de vetores que podem ter conspirado a favor de um movimento positivo: posições técnicas saudáveis, níveis de preço atrativos em relação há algumas semanas atrás, a expectativa de novas medidas de suporte na China, entre outras.

Eu ainda vejo um cenário global nebuloso, em especial na China e nos países emergentes. O cenário para a Europa e os EUA ainda me parece saudável. Acredito que o mercado possa ter ficado excessivamente negativo no curto-prazo (posição técnica e nível de preços). Assim, não descarto passarmos por um período de estabilização que dure um pouco mais do que algumas horas. Esta teoria será testada nos próximos dias, e pode se provar errada, caso a melhora verificada hoje não tenha suporte nos próximos dias.

Brasil – Os sinais um pouco menos negativos do final de semana ajudaram, junto com o humor global a risco, a dar suporte aos ativos locais. O leilão de linha de câmbio anunciado pelo BCB, e um esforço adicional do governo em busca de um superávit primário para 2016, foram vetores determinantes adicionais para o desempenho positivo desta terça-feira.

Eu vejo com certo ceticismo a capacidade deste governo, ainda sem apoio político, em implementar medidas capazes de reverter o quadro econômico atual. Estou disposto a mudar minha visão caso os próximos dias mostre algum tipo de apoio político a um ajuste das contas públicas mais crível e agressivo.

Contudo, nos atuais níveis de preço e posições, acho pouco atrativas apostas estruturais negativas nos ativos locais, neste momento. Estarei acompanhando de perto os próximos eventos afim de determinar o caminho que será seguido pelo país e por seus ativos. Podemos entrar em uma nova e definitiva espiral de crise, cujo o controle se tornará ainda mais desafiador, ou passarmos por um período um pouco mais prolongado de acomodação, o que demandará um sinal claro de que existe disposição política, por parte do governo e do congresso, em colocar em prática um saudável ajuste das contas públicas.

EUA – O Labor Market Condition Index apresentou alta de 2,1 em agosto, após alta de 1,8 em julho, revisado de 1,1. O mercado de trabalho norte americano continua dando sinais positivos. O mercado precifica chances inferiores a 40% de uma alta de juros já em setembro. Mantidas as atuais condições até a reunião do FOMC, acredito que esta probabilidade possa ser superior a 50%.


China – O cenário de crescimento do país não parece ter se alterado substancialmente nas últimas semanas. Um crescimento de 7% parece hoje ser teto para o PIB e a economia deve migrar para um crescimento mais sustentável em torno de 6%. O governo se mostra disposto a adotar medidas de suporte ao crescimento. O grande risco de curto-prazo, contudo, se coloca diante do mercado de câmbio, com uma forte pressão do mercado para uma depreciação mais expressiva do CNY. A maneira como o governo irá lidar com este vetor será determinante para a dinâmica dos ativos de risco.

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