Relief rally.

A quinta-feira foi de alívio para os ativos de risco. A reunião do ECB, na Europa, mostrou um Comitê pronto a atuar a qualquer sinal adicional de deterioração das condições econômicas e financeiras na região. Além da mensagem clara transmitida por Draghi, as revisões de crescimento, e algumas alterações de limites de compras de ativos foram sinais relevantes de que a instituição está focada em manter a recuperação da economia nos trilhos. Um ECB percebido como dovish não deixa se ser um vetor importante de sustentação para os ativos de risco, em um momento crucial em que o crescimento global se mostra fragilizado. A decisão deve ser vista como positiva para os ativos da região (bolsas e bonds) e negativa para o EUR. Contudo, o retorno do feriado na China será crucial para a dinâmica de mercado nas próximas semanas.

Nos EUA, todas as atenções estarão voltadas para os dados de emprego agendados para amanhã. Um número fraco (Payroll abaixo de 150k) poderá ser lido como mais um sinal preocupante para o crescimento mundial. Um número moderado/em linha (em torno de 170k-220k) poderá ser visto como “Goldilocks*”, sendo favorável aos ativos de risco. O número neste patamar mantém as portas abertas para o processo de alta de juros no país. Já um número forte (acima de 220k) poderá elevar consideravelmente a probabilidade de um alta de juros no país já em setembro, colocando um vetor de incerteza no cenário. A escolha das classes de ativos será essencial para a posição do portfólio. Tendo a acreditar em uma alta do dólar, porém mais concentrada em G10. Tenho dúvidas de como as bolsas globais irão reagir, assim como os ativos emergentes em geral. Por um lado, aumenta a probabilidade de uma alta gradual de juros em setembro. Por outro lado, reduz os riscos de mais uma rodada de recessão da economia global.

No Brasil, após uma abertura ainda complicada, os ativos de renda fixa apresentaram forte reversão no começo da tarde, com rumores de que Joaquim Levy voltará a dar as cartas na economia. O mercado já apresenta prêmios razoáveis.  A posição técnica se mostra excessivamente negativa com o país. Nos últimos dias, a posição comprada em dólar dos estrangeiros na BMF aumentou consideravelmente. Os analistas de sell-side migraram para um consenso negativo com o país, com recomendações de compra de USDBRL, steepening de curva de juros e etc. Enfim, o quadro técnico para se apostar negativamente no país parece ter se deteriorado bastante nos últimos dias.

O cenário continua turvo. Ainda não há sinais de saída da crise política e econômica. Contudo, o quadro técnico, e um possível alívio externo, poderiam ajudar na dinâmica de curto-prazo. A recomendação ainda deve ser de posição táticas, já que não vejo tendências claras e bem definidas vis-à-vis os preços de mercado.



*In economics, a Goldilocks economy sustains moderate economic growth and low inflation, which allows a market-friendly monetary policy

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