Brasil: A crise se alastra. BCB e Tesouro reagem. Por hora, sem sinais de sucesso.
Os ativos
de risco estão tendo uma quinta-feira um pouco mais saudáveis. Os sinais de
fragilidade, contudo, ainda são latentes, especialmente nos ativos dos países
emergentes.
O fraco
Flash Manufacturing PMI de setembro na China
manteve o foco na crise que os países
emergentes estão enfrentando. O menor crescimento da China apenas
evidência, em uma das maiores economias do mundo, o momento que os países
emergentes estão atravessando. Baixo crescimento, aliado a problemas
estruturais, econômicos e políticos, estão mantendo os ativos desses países
sobre pressão.
Na agenda
do dia, destaque para o Jobless Claims e Durable Goods Orders nos EUA. No Brasil, o destaque ficará por conta do Relatório de Inflação, para
a Taxa de Desemprego e para o Indicador de Confiança do Consumidor da FGV. Na Alemanha, o IFO – um dos principais
indicadores de confiança de toda a Europa – saiu de 108,3 para 108,5 pontos,
acima das expectativas de queda para 107,9. O número mostra uma trajetória
ainda saudável para a economia do país, a despeito dos ruídos provenientes da
China e dos demais emergentes. O mesmo pode ser dito da França, onde o Business Confidence também de setembro, ficou
estável nos 100 pontos.
Brasil – O Brasil
continua no meio de uma crise de confiança que só será equalizada com a
resolução das incertezas políticas que rondam o país. Os mercados de juros e
câmbio continuam operando em uma clara dinâmica de crise. O BCB e o Tesouro
estão atuando de maneira mais proativa e agressiva nos últimos dias com o
intuito de prover liquidez ao mercado e proporcionar o bom andamento das
operações financeiras locais. O Tesouro tem realizado leilões diários de
recompra de papel, enquanto o BCB oferece linhas de câmbio. O BCB voltou a
oferecer swaps cambiais, em um sinal de desconforto com o movimento recente de
depreciação. O próximo passo, assim, será promover mais um ajuste altista nas
taxas de juros. Esta postura deverá
ajudar a suavizar os movimentos de deterioração dos ativos locais, mas,
sozinhas, serão incapazes de inverter a dinâmica de deterioração. A curva de
juros já precifica cerca de 6 altas de 50bps nas próximas reuniões do Copom. A
crise política continua aguda e sem sinais concretos de solução de curto-prazo.
O impeachment parece cada vez mais inevitável (e uma questão de tempo), mas
ainda pairam enormes dúvidas em relação ao andamento deste eventual processo, e
o potencial governo que assumiria após uma decisão final. Por hora, a atuação
do BCB e do Tesouro foram inócuas, ou pouco efetivas, na tentativa de acalmar
os mercados locais.
Os dados
de crédito de agosto, divulgados pelo BCB, reforçaram a mensagem de
desaceleração nas concessões, aumento de taxas e de spreads e leve alta na
inadimplência. De maneira geral, estamos diante de um claro cenário de aperto
das condições locais de liquidez, o que coloca o BCB em situação extremamente delicada
no tocante a política monetária.
A Operação
Lava-Jato sofreu uma de suas primeiras derrotas na noite de ontem, com o
plenário do STF desmembrando um dos casos em análise, o que pode acabar criando
precedentes que venham a dificultar as investigações em torno do Petrolão e
seus desdobramentos para outras empresas e setores do governo.
China – O Flash
Manufacturing PMI saiu de 47,3 para 47 pontos em setembro, abaixo das
expectativas de 47,5. Os principais indicadores de crescimento do número
apresentaram quedas, e se encontram abaixo do patamar de 50 pontos, que divide
o cenário de contração, do cenário de expansão da economia. Não há, por hora,
nenhum sinal concreto de estabilização da atividade econômica da China. O país
continua em um processo estrutural de desaceleração, o que deve manter os
ativos que dependem da demanda da China ainda estruturalmente sobre pressão.
Europa – O discurso
de Draghi no Parlamento Europeu surpreendeu negativamente aqueles que esperavam
algum sinal claro de que o ECB irá atuar adicionando estímulos na economia no
curto-prazo. Draghi manteve o tom do último comunicado do ECB, deixando claro
que está pronto para a atuar, mas que ainda precisam analisar com mais cuidado
o cenário de curto-prazo, para o crescimento e a inflação na Europa. Eu ainda vejo
o ECB atuando mais cedo do que tarde, mas entendo que no meio de um processo
ainda incerto de deterioração dos países emergentes, Draghi buscou ganhar tempo
antes de tomar uma medida precipitada, antecipando uma atuação na próxima
reunião do ECB.
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