Brasil: Dinâmica de crise.

Os ativos de risco tiveram uma quarta-feira que considero de dinâmica extremamente técnica, em especial no Brasil (mais detalhes abaixo). Nos mercados externos, as bolsas globais, ajudadas pelas commodities, tiveram um dia de recuperação, mas ainda dentro de um ambiente em que a volatilidade permanece elevada e as incertezas idem. O feriado na China, que irá perdurar até a próxima semana, pode ser um motivo de animo momentâneo ou, no mínimo, menos incerteza. O dólar operou sem tendência definida ao redor do mundo, seguindo notícias locais e fluxos pontuais, enquanto o mercado de juros nos países desenvolvidos mostrou certa estabilidade, as vésperas da reunião do ECB na Europa.

Brasil – A produção industrial de julho apresentou queda de 1,5% MoM e -8,9% YoY, muito abaixo das expectativas de -0,1% MoM e -6,3% YoY. O número apenas reforça um quadro desolador para o crescimento do país.

Os ativos de renda fixa locais (BRL e curva de juros) continuaram a digerir o plano fiscal para 2016, já que ainda não houve sinais de apoio a um projeto maior de ajuste das contas públicas. A dinâmica de ambos os ativos mostra um mercado tecnicamente aplicado em juros, e sem a posição desejada em câmbio. A curva já precifica altas de 7bps+23bps+25bps+18bps nas próximas reuniões do Copom, com o FRA de 2016 a 15%. Apesar da dinâmica parecer exagerada, não podemos descartar um novo ciclo de alta de juros frente a depreciação cambial e ao “novo” impulso fiscal.

No câmbio, o mercado parece deter posições menores do que aquelas verificadas no início do ano, e abaixo do desejado pelos investidores diante do cenário que se impõe. Assim, entramos em uma dinâmica de piora continua, que só deve ser freada com alguma mudança substancial de cenário.

A bolsa, por sua vez, parece estar sendo puxada pelo setor de commodities, como Petro e Vale, setores reconhecidos por serem posições UW na maioria das carteiras, ajudando no movimento técnico de “short squeeze” da bolsa.


EUA – O ADP Employment apresentou alta de 190k em agosto. O número não altera substancialmente o cenário para política monetária no país. Ao que tudo indica, a decisão do FOMC de setembro será feita apenas nos “48 minutos do segundo tempo”. As condições financeiras até a reunião, assim como o cenário externo, tenderão a ser vetores de definição para o Comitê.

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