Fed em foco.

O começo da semana foi marcado pela tentativa, por parte de membros do Fed, em tentar concertar a mensagem entendida pelo mercado após a decisão do FOMC da semana passada. Eu, particularmente, tinha achado a decisão bastante dovish, especialmente devido ao discurso utilizado por Yellen, e frente as revisões de inflação, crescimento e dos “dots” apresentados na reunião. Após a decisão, o mercado basicamente retirou a chance de uma alta de juros em outubro, precificando uma probabilidade pouco acima de 50% de uma alta de juros ainda este ano. Diante deste quadro, Lacker, Bullard, Willians e Lockhart, vieram a mídia sinalizar que uma alta de juros em 2015 ainda é possível. Todas as reuniões até o final do ano (outubro e dezembro) estão em aberto para uma eventual decisão de alta de juros, e que a postura na reunião de setembro foi apenas uma reação pontual as turbulências de mercado.

Na minha visão, acredito que estes sinais sejam verdadeiros, mas o mercado demandará mais do que palavras para se convencer de que a função de reação do Fed não tenha se alterado, colocando um peso, talvez desproporcional, ao cenário externo. Eu continuo vendo a economia norte americana em uma trajetória saudável, mas não necessariamente exuberante. De qualquer maneira, ainda será um dos destaques de crescimento ao redor do mundo. Neste ambiente, fica difícil evitar movimentos como a alta estrutural do dólar ao redor do mundo. O Fed será capaz de suavizar esta tendência, mas a economia quem irá ditar a direção da moeda.

A mensagem que vem sendo transmitida por outros importantes bancos centrais ao redor do mundo está alinhada com a sinalização do Fed. A diferença é que bancos centrais como o ECB e BoJ parecem ter espaço para novas medidas de estímulo no curto-prazo. Assim, será fundamental ouvir o que esses BC´s terão a dizer nos próximos dias.

No Brasil, o BCB e o Tesouro parecem ter entrado, definitivamente, no “modo crise”. O BCB ofertou R$3b de linhas de câmbio, enquanto o Tesouro anunciou leilão de recompra de papel. Ambos os movimentos são positivos e deveriam ajudar a suavizar o movimento negativo dos mercados locais. Contudo, apenas a equalização da crise política será capaz de reverter, definitivamente, a direção dos ativos brasileiros.

Na agenda do dia, o IBC-Br apresentou queda de 4,25% em julho em relação ao mesmo período do ano passado. As expectativas de inflação continuam sua escalada altista, desde o fatídico anuncio do déficit fiscal primário para 2017. O ambiente ainda é bastante hostil ao BCB e o mercado chegou a precificar, ao longo do dia, um ciclo adicional de cerca de 250bps de alta de juros.


Nos EUA, o Existing Home Sales apresentou queda de 4,8% em agosto, saindo de 5,58M para 5,31M, levemente abaixo das expectativas de 5,5M. A despeito da fraqueza no mês, o cenário de recuperação gradual do setor imobiliário continua inalterado.

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