Receptividade ruim ao Fed.
Os ativos de risco não reagiram bem a decisão do Fed de manter
os juros estáveis, utilizando os riscos em torno do crescimento da China, e a
inflação interna baixa, como argumentos para esta postura. Pela dinâmica dos
mercados, prevaleceu a sensação de que o Fed “sabe alguma coisa a mais (e
negativa) a respeito da China, do que o resto do mercado”. Assim, a sexta-feira
foi marcada por uma forte queda das bolsas e nova pressão sobre as commodities,
em especial petróleo e cobre. O dólar seguiu uma dinâmica própria, no que me
parece mais ajustes de posições do que uma tendência clara. Neste ambiente,
observamos um movimento global de fechamento de taxas de juros, na expectativa
de um crescimento global permanecendo baixo, como foi reforçado por Yellen
ontem. O movimento foi liderado pelos bonds
nos países desenvolvidos, em especial, na Europa.
O Brasil, infelizmente, vive um momento próprio, em um ambiente
global desafiador. Por hora, não há alteração em relação ao ambiente
extremamente negativo para o país. O dia foi marcado por ruídos em torno da
possibilidade de novos downgrades e
por rumores em torno de uma potencial saída de Levy da equipe econômica. Os
ativos locais continuam em uma clara tendência de deterioração. A curva de
juros já precifica cerca de 150bps de altas de juros nas próximas reuniões do
Copom. O dólar atinge a máxima de alguns anos e a bolsa voltou a operar sobre
pressão. Continuo vendo a equalização da crise política como a única saída para
este cenário. A adoção de medidas fiscais mais agressiva seria uma outra opção,
mas está também depende de capacidade política para ser implementada.
Em relação ao cenário externo, continuo vendo um cenário
relativamente positivo para os EUA e a Europa. O crescimento deve permanecer
moderado, porém positivo. O Japão deve seguir um caminho parecido com a Europa,
com crescimento baixo e frágil. A China é realmente um risco, mas as medidas
implementadas recentemente deveria dar algum suporte, ao menos temporário, ao
crescimento. O maior risco, na minha visão, é a insustentabilidade de uma
agressiva intervenção cambial, com intuito de manter sua moeda estável. O maior
risco do cenário continua vindo deste vetor. Os países emergentes também são
fontes de instabilidade e merecem uma atenção especial nos próximos dias. No
Brasil, o mercado irá continuar a pedir mais prêmios até que o cenário político
se torne mais claro.
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