Brasil: Copom em foco.

Os ativos de risco estão ameaçando uma recuperação essa manhã, liderados pelas bolsas norte americanas. Contudo, ainda há sinais claros de fragilidade nos mercados. As commodities operam em queda e os ativos emergentes estão sobre pressão, com o dólar forte, as taxas de juros mais elevadas e as bolsas dessa região em queda. Os ativos de crédito também apresentam pressão nos países emergentes.

A agenda do dia será agitada, com PIM e Copom no Brasil, além do ADP Employment nos EUA, o último indicador antecedente para o Payroll na sexta-feira.

Brasil – O mercado ainda precisará de um tempo para digerir o anuncio de um déficit fiscal primário em 2016. Por hora, ainda não existe uma solução concreta para este impasse. Em relação ao Copom, o cenário base é de manutenção dos juros estáveis. Contudo, atribuo uma probabilidade não desprezível do comunicado após a decisão ser alterado, abrindo à possibilidade de novas altas de juros no futuro não muito distante, frente a recente depreciação cambial e surpresa negativa no tocante as contas públicas. A medida seria um esforço primário para conter as expectativas de inflação e me parece uma administração saudável e necessária das expectativas.

Minha visão de curto-prazo é mais negativa para os ativos do país. Acredito que na ausência de uma solução para a crise política as melhoras dos ativos locais serão pontuais. Ainda vejo uma depreciação estrutural do dólar, uma bolsa sobre pressão e, agora, um mercado de juros que poderá ser refém de mais um ciclo de alta de taxas. Existe valor na curta de juros, mas não gosto de posições estruturais aplicadas no atual cenário. Ainda trabalho com a possibilidade do dólar atingir o patamar de 4 este ano e  vejo um setor corporativo extremamente debilitado diante dos desafios econômicos do país. Nos atuais níveis de preço, e diante da elevada volatilidade dos mercados, contudo, precisamos ter uma gestão ativa do portfólio pois as tendências negativas de mercado costumam ser tortuosas e não lineares, permeadas por short squeezes pontuais.

Austrália – O PIB do segundo trimestre do ano apresentou alta de 0,2% QoQ, abaixo das expectativas de 0,4% QoQ. O país é um importante parceiro comercial da China é já sofre os efeitos de um menor crescimento estrutural do país asiático.


EUA – Diante das incertezas externas, apenas um número de emprego de agosto muito forte será capaz de levar o Fed ao inicio do processo de alta de juros já em setembro. Assim, o ADP Employment hoje, e o Payroll na sexta-feira, serão fundamentais para o cenário de política monetária do país.

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