From macro risk, to micro risk.
A segunda-feira foi marcada por uma deterioração microeconômica
dos mercados financeiros globais, fruto de uma clara reação ao ambiente
macroeconômico desafiador que já predomina há alguns meses. As ações da
Glencore* apresentaram queda de 30% no dia, após forte pressão nos últimos
meses. A empresa é uma operadora global de recursos naturais, fortemente dependente
da demanda da China. A forte queda das ações foi acompanhada por uma acentuada
pressão nos títulos da dívida da empresa, com o custo de seu CDS, uma espécie
de seguro do crédito da companhia, apresentando relevante abertura de spreads.
Por ser uma empresa global, e muito ligada ao cenário de
crescimento econômico, especialmente no tocante a China, a derrocada da
Glencore acaba afetando o humor global a risco, além de nichos específicos de
mercado, como os HY Bonds e o setor de commodities ao redor do mundo.
Além da Glencore, o setor automotivo na Europa apresentou forte
queda nos últimos dias, após o escândalo da Volkswagen na Alemanha. Nos EUA, a
Valeant, empresa do setor farmacêutico, também se encontra em meio a um
processo que já levou a queda de 30% de suas ações em poucos dias.
Em um cenário global já conturbado, especialmente no tocante a
China e aos demais países emergentes, o surgimento de problemas micro
específicos se coloca apenas como uma consequência de um processo que parece
ser muito mais longo, estrutural e permanente, em que a desaceleração da China
surge como o principal driver para o cenário econômico mundial.
Brasil – Sem novidades políticas e econômicas
relevantes. Os ativos locais seguiram a piora do humor global a risco. A atuação
mais assertiva do BCB e do Tesouro está ajudando a dar algum parâmetro para os
ativos locais, mas a liquidez continua prejudica e a volatilidade elevada. As
próximas semanas serão fundamentais do ponto de vista político. Apenas a
resolução da crise na esfera política será capaz de alterar definitivamente o
cenário para o Brasil e seus ativos.
As expectativas de inflação medidas pelo relatório Focus do BCB
mostraram uma relevante deterioração das expectativas para 2015,2016 e 2017,
começando a desancorar as expectativas que vinham sendo uma das principais do
BCB nos últimos meses.
EUA – Os dados de Personal Income e Personal
Spending de agosto ficaram praticamente em linha com as expectativas do
mercado, mostrando uma economia ainda saudável neste terceiro trimestre do ano.
Fed Dudley deu declarações na linha daqueles proferidas por Yellen no final da
semana passada, tentando manter vivas as expectativas de uma alta de juros
ainda este ano. Diante do cenário econômico global, contudo, o fed terá enormes
dificuldades em prosseguir com seu plano de voo.
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