Relief.

Após um começo de semana de elevada pressão sobre os ativos de risco ao redor do mundo, a terça-feira foi de menor pressão para os mercados. A dinâmica dos ativos de risco, contudo, continua mostrando fragilidade. A despeito dos sinais animadores dos indicadores de confiança na Europa e nos EUA divulgados hoje, o cenário para a China continua sendo o centro das atenções dos ativos de risco. Nesta frente, ainda não há nenhum sinal de estabilização do crescimento, o que está mantendo os investidores em estado de alerta. A incerteza em relação a política monetária norte americana e as perspectivas ainda ruins para o crescimento da China devem continuar ditando a dinâmica dos mercados globais.

Brasil – Os mercados locais voltaram a abrir estressados pela manhã. A divulgação do resultado fiscal do governo central, com déficit inferior as expectativas em agosto, ajudou a dar suporte aos ativos brasileiros. Vale lembrar também que o BCB promoveu leilões de swap e de rolagem de swap, além dos leilões de linha de câmbio. Após a divulgação do número fiscal, o Tesouro reforçou seu comprometimento com a meta deste ano, sinalizando com medidas adicionais de ajuste, em especial nas receitas extraordinárias (IPO´s) e na Previdência. A taxa de desemprego pela PNAD Continua subiu de 8,3% para 8,6%, acima das expectativas de 8,5%. A despeito da surpresa negativa, a abertura do indicador mostrou um quadro de mercado de trabalho mais saudável do que sugere o número cheio.

Em relação ao fiscal, de acordo com nossa área econômica, pudemos observar: Menos “despedalada” em subsídios e subvenções, mudança de data de pagamento do abono salarial (postergando os gastos), postergação do pagamento de parte do 13º que ocorria em agosto (veja o gráfico de sazonalidade de benefícios previdenciários), pelo lado positivo (ainda não sabemos se é pontual), segurou-se “outras despesas de custeio”, continuam segurando “outras despesas de capital”, um pouco menos de “transferência a estados e municípios”. Em resumo, o dado veio melhor, mostrou um sinal mais positivo em custeio, mas ainda está longe de reverter a deterioração fiscal em curso...

Os ativos locais continuam voláteis e com a liquidez comprometida. As recentes medidas adotadas pelo BCB e pelo Tesouro são positivas e deveriam ajudar a dar parâmetro de preços aos mercados. Contudo, apenas a equalização da crise política será capaz de reverter definitivamente o quadro econômico do país. Em relação ao BCB, tudo indica que irão fazer de tudo para evitar um novo processo de alta de juros, mas a desencorajem das expectativas de inflação podem acabar alterando o plano de voo da instituição. Eu não acredito na necessidade de um choque de juros e acho que os instrumentos disponíveis pelo BCB e pelo Tesouro devem ser utilizados harmonicamente.


EUA – O Consumer Confidence saiu de 101,3 para 103,0 pontos em setembro, acima das expectativas de 96,8. A abertura mostrou mais uma rodada de aperto no mercado de trabalho, que atingiu seu melhor patamar desde fins de 2007. A economia norte americana parece estar em uma saudável trajetória de recuperação. O maior risco a esta trajetória, como o próprio Fed vem ratificando, fica por conta do cenário externo (China).

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