Digestão...

A sexta-feira foi mais um dia de digestão para os ativos de risco, no Brasil e no mundo. O mercado continua avaliando o cenário econômico global onde, por um lado, vemos sinais ainda animadores nos EUA e na Europa, mas ainda preocupantes na China e nos demais países emergentes. Neste ambiente, temos observado as bolsas e as taxas de juros nos EUA e na Europa operando dentro de algumas bandas, com as commodities, a grosso modo, ainda pressionadas. O dólar segue uma tendência de alta, ainda mais concentrado contra moedas emergentes, mas com alguns acenos de fortalecimento contra as moedas de G10 nos últimos dias.

Eu vejo o dólar como o grande favorecido do atual cenário, seja pelo lado da economia norte americana, seja por questões específicas de alguns países e regiões. Acho válido uma administração ativa dos instrumentos e composição da carteira. Tenho poucas convicções de curto-prazo no mercado de juros e renda fixa internacional.

Acredito que, nos atuais níveis de preço, e vis-à-vis o cenário, econômico e político, as posições em ativos no Brasil devem ser mais táticas, ou seja, menores e com stops mais curtos. As incertezas ainda são elevadas, a volatilidade continua alta e a liquidez do mercado segue prejudicada. A curva de juros continua com cerca de 150 a 200bps de prêmio de alta de juros, o que parece elevado após a mensagem emitida pelo BCB ontem. Sem uma estabilização mais permanente do mercado de câmbio, é natural a curva de juros continuar operando com algum prêmio. A alta do dólar pode se mostrar um pouco mais ordenada de agora em diante, com um BCB mais atuante. Nada impede, porém, que a tendência de alta da moeda norte americana persista ainda por algum tempo.

No Brasil, o BCB voltou a atuar no mercado, promovendo leilões adicionais de swap e de linha de câmbio, além daqueles anunciados ontem. O mercado de câmbio de juros dá sinais incipientes de estabilização, mas ainda me parece cedo para cantarmos vitória. O cenário político continua nebuloso. Os meses de outubro e novembro serão determinantes para a continuidade (ou não) do atual governo Dilma.

EUA – O PIB do 2Q foi revisado de 3,7% para 3,9%, com uma surpresa altista no consumo, que saiu de 3,1% para 3,6%. O Markit PMI Services caiu de 56,1 para 55,6 pontos, dentro das expectativas do mercado. Enquanto o Michigan Confidence subiu de 85,7 para 87,2 pontos, acima das expectativas de 86,5. Os números reforçam um cenário saudável para a economia norte americana.

Europa – As eleições regionais na Catalunha no final de semana serão importantes para traçar o cenário político para o país. A ascensão de grupo separatista fortalecido pode vir a trazer incerteza para o país e toda a Europa.


Brasil – O CAGED apresentou perda de 86 mil vagas de trabalho em agosto, acima das expectativas de queda de 75 mil vagas, mas inferior a queda de 157 mil vagas do mês anterior. O cenário para o mercado de trabalho continua extremamente desafiador, sem nenhum sinal de estabilização. Parece que estamos no meio de um processo de deterioração que ainda tem amplo espaço para progredir.

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