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A segunda-feira foi marcada pela continuidade do movimento de correção das principais tendências recentes. Assim, vimos uma queda do USD, alta no preço das commodities (com o Cobre subindo quase 5% no dia), queda nas bolsas da Europa e leve correção dos ativos europeus. Os mercados de renda fixa e câmbio dos países emergentes tiveram um dia positivo, a despeito de um cenário mais misto para as bolsas dessa região.

Salvo uma surpresa positiva do Core CPI nos EUA amanhã, acredito que este movimento pontual de acomodação das tendências recentes pode continuar no curto-prazo, mas admito que os mercados devem manter-se voláteis e muito reativos aos dados norte americanos. Como comentei na semana passada: “Estou um pouco mais positivo com os ativos de risco após a decisão do FOMC desta semana, mas a volatilidade permanecerá elevada, inviabilizando posições muito grandes. O VaR deverá ser ajustado para uma nova realidade de volatilidade permanentemente mais alta. Neste ambiente, podemos ver as bolsas operando no topo de cima dos ranges recentes, e uma melhora no humor para os ativos emergentes. Vejo a manutenção da tendência de dólar forte no mundo, mas espero um período de consolidação nas próximas semanas. O mesmo vale para o mercado de commodities, onde a tendência baixista deverá ser mantida, mas os sinais recentes da China podem acabar ajudando uma recuperação de curto-prazo. Ainda vejo um ambiente positivo para os ativos na Europa, em especial para os bonds e bolsas locais. Correções pontuais são naturais e esperadas dentro do ciclo econômico. No Brasil, seguimos em uma fase complicada. A força da tendência de alta no USDBRL parece inabalável. Assim, fica difícil supor até onde o movimento poderá se estender. Continuo vendo valor na parte curta da curva de juros de Brasil, mas a dinâmica do BRL continua essencial para os próximos passos do BCB. Não me atrevo a sugerir um nível de equilíbrio ao BRL, já que o ajuste natural da economia acaba sendo no câmbio.”

EUA – O Existing Home Sales ficou levemente abaixo das expectativas, mostrando um mercado imobiliário ainda estagnado. Em um dos discursos mais esperados da semana, Stanley Fisher, vice presidente do Fed, manteve um tom conciliador, o que ajudou o mercado a manter precificado uma alta de juros de 25bps apenas no final deste ano, e não mais no meio de 2015. Acredito que o Fed deverá tentar manter viva a possibilidade de uma alta de juros no meio do ano, mas apenas uma reversão drástica dos dados de crescimento, ou uma inflação muito acima do esperado, será capaz de alterar a probabilidade de alta de juros apenas no último trimestre do ano.

Brasil – Os ativos locais estão basicamente seguindo o humor global a risco, na ausência de novidades locais relevantes. O cenário de curto-prazo continuará a mercê do ambiente político local, mas o externo deverá ajudar a ditar a dinâmica dos ativos brasileiros no curto-prazo. A curva local de juros continua apresentando bastante prêmio, com altas de 60bps+40bps+27bps+10bps nas próximas reuniões do Copom, o que me parece um exagero frente a um cenário de desaceleração acentuada da economia, restrição de crédito e apeto fiscal. Contudo, precisamos observar uma acomodação mais persistente no câmbio para o BCB ter o conforto de encerrar, pelo menos temporariamente, o ciclo de alta de juros. Vejo espaço para isto ocorrer no curto-prazo, caso não vejamos surpresas altistas de inflação nos EUA.


Europa – A Grécia segue no foco dos investidores, com duras negociações em torno do programa de ajuda financeira ao país ocorrendo junto a Alemanha e seus demais credores. A retórica da Alemanha continua dura, em um claro jogo político de negociações. Acredito que um acordo será atingido, mas as dificuldades nas negociações podem trazer volatilidade aos ativos da região, em especial após a forte melhora verificada nos últimos meses.

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