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Brasil - Vejo alguns sinais de estabilização política nos últimos dias, o que poderia dar algum impulso positivo ao mercado de renda fixa e câmbio, caso confirmado uma postura mais proativa do governo no tocante a negociação com sua base aliada. Caso contrário, temos amplo espaço para novas rodadas negativas para os ativos locais. Apenas avanços políticos concretos no Congresso serão capazes de reduzir o pessimismo com relação ao país. Por hora, os desafios são imensos, o que deve ajudar a manter o mercado apreensivo e com volatilidade elevada.

Amanhã pela manhã teremos a divulgação da Ata do Copom. Espero um documento muito parecido com aquele divulgado após a última reunião, exceto por atualizações pontuais no tocante ao ajuste de preços administrados e o novo patamar do câmbio. Acredito que a estratégia do BCB seja de manter-se flexível diante das incertezas de curto-prazo, mas sem sinalizar a urgência de uma aceleração do ciclo de alta de juros, como o mercado vem precificando.

Com a curva de juros apresentando um cenário de altas de 70bps+45bps+25bps+10bps nas próximas reuniões do Copom, vejo valor em posições aplicadas taticamente. Contudo, o BRL ainda mostra sinais claros de fragilidade, o que deve ser acompanhando no detalhe. A tendência da moeda americana ainda parece ser de alta, mas o ímpeto do movimento me parece exagerado no curto-prazo. O cenário político continuará ditado a dinâmica dos mercados locais.

Externo - Em um dia de agenda esvaziada, os ativos de risco, de maneira geral, deram continuidade a suas tendências, leia-se, queda do EUR, com as bolsas e os bonds bem sustentados na Europa. Observamops mais uma rodada de fortalecimento do USD contra G10, mas uma acomodação contra EM, em mais um dia de pressão nas commodities e acomodação das bolsas norte americanas.

Como tenho frisado , tecnicamente falando, o rompimento do patamar de 96.0 no DXY, e de 2.15% na Treasury 10yrs, foram de extrema relevância para todos os ativos de risco, o que acabou acelerando os movimentos recentes, e confirmando as tendências que já vinham se desenhando desde o final do ano passado. Parece-me natural esperar que as tendências continuem no curto-prazo (USD forte, abertura de taxas de juros nos EUA, pressão em EM,  e etc), exceto por períodos pontuais de consolidação, que são amplamente naturais dentro dos ciclos econômicos. Em termos de assimetria, parece que o mercado de commodities foi o primeiro a se adaptar a um ambiente de menor liquidez por parte dos EUA e menor crescimento da China. O USD veio logo em seguida, já tendo feito um movimento relevante, mas em linha com outros ciclos de fortalecimento da moeda americana. Agora, parece que estamos começando a ver este processo ser mais bem precificado no mercado de juros dos EUA e nas bolsas norte americanas. Tenho o receio de que o movimento de ajuste nas bolsas norte americanas possa se intensificar no curto-prazo, e acabar levando consigo os ativos dos países emergentes, que já vem operando sobre pressão a alguns meses. Assim, em suma, vejo um ambiente de curto-prazo que se mostra cada vez mais propício para um movimento pontual de “risk-off” um pouco mais acentuado e/ou duradouro, liderado pela correção das bolsas nos EUA.

Nos EUA, a curva precifica cerca de 50% de chance de alta de 25bps de juros em junho, com 2 altas de 25bps até o final deste ano. Com o emprego em franca recuperação, o Fed vem sinalizando diposicao em começar um processo de alta de juros ainda no meio deste ano.


Na China, os dados de atividade econômica de fevereiro mostraram uma economia frágil, sem nenhum sinal de estabilização, mesmo frente as inúmeras medidas, pontuais e localizadas, colocadas em pratica pelo governo nos últimos meses afim de colocar um piso na economia. A despeito dos números negativos, as bolsas da China tiveram um dia de desempenho positivo, com rumores de que uma operação de troca de papéis entre os LGFV e o governo, o que poderia se caracterizar como o começo de um QE no país. Por hora, este cenário pode ser descartado. Assim, não é a toa que o Minério de Ferro esteja fazendo novos lows hoje, colocando pressão nas mineradoras e mantendo as commodities sobre pressão. Vejo um risco crescente de que o cenário para a economia chinesa possa vir a afetar a economia mundial, assim como trazer um humor mais negativo para os ativos de risco, especialmente aqueles dependentes da demanda chinesa, mesmo entendendo que o governo local tenha amplos instrumentos para conduzir este processo de desaceleração de maneira gradua e coordenada.

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