Risk-off

Os dados de emprego norte americanos de fevereiro podem ser classificados como robustos, a despeito da ausência de pressões salariais. Diante deste quadro, e com a proximidade da reunião do FOMC, o mercado passou a precificar uma maior probabilidade de alta de juros no meio deste ano, o que acabou gerando uma forte abertura de taxa de juros nos EUA, com repercussões não desprezíveis para os demais ativos de risco. O dia pode ser classificado como uma sexta-feira de “risk-off” clássico, com as bolsas e as commodities em queda ao redor do mundo, o USD forte e pressão sobre os ativos emergentes.

Tecnicamente falando, o rompimento do patamar de 96.0 no DXY, e de 2.15% na Treasury 10yrs, foram de extrema relevância, o que acabou acelerando os movimentos e confirmando as tendências que já vinham se desenhando desde o final do ano passado.

É natural esperar que as tendências recentes continuem no curto-prazo (USD forte, abertura de taxas de juros nos EUA, pressão em EM e etc), exceto por períodos pontuais de consolidação, que são amplamente naturais dentro dos ciclos econômicos. Vale a pena ressaltar, contudo, que o crescimento americano no curto-prazo está abaixo do esperado, e o clima frio pode acabar prejudicando ainda mais o crescimento deste primeiro trimestre do ano, o que merece atenção especial nas próximas semanas.

Em termos de assimetria, parece que o mercado de commodities foi o primeiro a se adaptar a um ambiente de menor liquidez por parte dos EUA e menor crescimento da China. O USD veio logo em seguida. Agora, parece que estamos começando a ver este processo ser melhor precificado no mercado de juros dos EUA e nas bolsas norte americanas.


Brasil – Os ativos locais vem seguindo o humor global a risco, com o BRL ditando a dinâmica do mercado de juros. A curva precifica hoje altas de 56bps+35bps+25bps+15bps nas próximas reuniões do Copom. O shape da curva continua bastante invertido, com o Jan21/jan17 a -58bps. Apesar de ver prêmios cada vez maiores na curva local, entendo que o USDBRL precisará mostrar sinais de acomodação antes que o mercado pare para fazer conta de quando o BCB será capaz de encerar o ciclo de alta de juros. Ainda vejo grande disposição política deste governo para colocar em vigor as medidas de ajuste fiscal propostas, o que deveria retirar um grande peso sobre a política monetária. Contudo, em um ambiente externo mais desafiador, as posições aplicadas em juros ainda devem ser olhadas em conjunto com posições compradas em USDBRL. O IPCA de fevereiro apresentou alta acima das expectativas, subindo 1.22% MoM e 7.70% YoY. Os itens Administrados continuam sendo os principais responsáveis pela pressão da inflação neste começo de ano, mas Alimentação e o repasse do câmbio também não devem ajudar o BCB nos próximos meses.

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