Risk-off

Liderados por mais uma acentuada alta do USD esta manhã, os ativos de risco estão apresentando uma leve tendência de “risk-off” neste começo de quarta-feira. O mercado parece estar se posicionando para o começo de um processo de alta de juros nos Estados Unidos.

Como comentei na sexta-feira , tecnicamente falando, o rompimento do patamar de 96.0 no DXY, e de 2.15% na Treasury 10yrs, foram de extrema relevância para todos os ativos de risco, o que acabou acelerando os movimentos recentes, e confirmando as tendências que já vinham se desenhando desde o final do ano passado. Parece-me natural esperar que as tendências continuem no curto-prazo (USD forte, abertura de taxas de juros nos EUA, pressão em EM,  e etc), exceto por períodos pontuais de consolidação, que são amplamente naturais dentro dos ciclos econômicos. Em termos de assimetria, parece que o mercado de commodities foi o primeiro a se adaptar a um ambiente de menor liquidez por parte dos EUA e menor crescimento da China. O USD veio logo em seguida, já tendo feito um movimento relevante, mas em linha com outros ciclos de fortalecimento da moeda americana. Agora, parece que estamos começando a ver este processo ser mais bem precificado no mercado de juros dos EUA e nas bolsas norte americanas.

Ainda não vejo nenhum argumento para alterar a visão descrita acima. Tenho o receio de que o movimento de ajuste nas bolsas americanas possa se intensificar no curto-prazo, e acabar levando consigo os ativos dos países emergentes, que já vem operando sobre pressão a alguns meses. Em suma, o ambiente de curto-prazo se mostra cada vez mais propício para um movimento pontual de “risk-off” um pouco mais acentuado e/ou duradouro. No Brasil, não vejo mudanças fundamentais para alterar a dinâmica negativa dos ativos locais. Apenas avanços políticos concretos no Congresso serão capazes de reduzir o pessimismo com relação ao país.

A agenda do dia será um pouco mais ocupada do que a segunda-feira, com destaque para o JOLTs Job Openinings e Wholesale Inventories nos EUA. No Brasil, a agenda ainda será esvaziada.

No que diz respeito a agenda no overnight, o destaque ficou por conta dos dados de inflação na China. O CPI saiu de 0.8% YoY para 1.4% YoY em fevereiro, acima das expectativas de 1% YoY. Grande parte da surpresa positiva ficou por conta da alta em Alimentação, o que não altera o quadro deflacionário preocupante do país. Nesta linha, o PPI caiu de -4.3% YoY para -4.8% YoY, abaixo das expectativas de -4.3% YoY. O governo chinês ainda tem amplo espaço para adotar medidas de suporte ao crescimento com intuito de evitar uma nova desaceleração da economia. Contudo, a China ainda se mostra um risco relevante para a economia mundial nos próximos meses.

Na França, a produção industrial de janeiro apresentou alta de 0.4% MoM, superando as expectativas de queda de 0.3% MoM. Na Itália, contudo, a produção industrial apresentou queda de 0.7% MoM, muito abaixo das expectativas de alta de 0.2% MoM.

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