Estabilização política no Brasil?
Após uma terça-feira de “risk-off” generalizado para os ativos de risco, estamos vendo alguma estabilização do humor dos mercados. Uma vez mais, o destaque da manhã fica para a forte queda do EUR, o que está ajudando a dar suporte as bolsas e aos bonds da região, mantendo o cenário para os ativos europeus basicamente inalterado. A despeito da estabilização do humor global a risco, ainda vejo sinais de fragilidade nas bolsas norte americanas, e não descarto novas rodadas de realização/acomodação. Vejo o patamar de 2.000 no S&P como um objetivo de curto-prazo.
O destaque da noite ficou por conta de um inesperado corte de 25bps nos juros da Tailândia, para 1.75%. Na China, os dados de atividade de fevereiro surpreenderam negativamente (detalhes abaixo).
Tenho o receio de que o movimento de ajuste nas bolsas americanas possa se intensificar no curto-prazo, e acabar levando consigo os ativos dos países emergentes, que já vem operando sobre pressão há alguns meses. O ambiente de curto-prazo se mostra cada vez mais propício para um movimento pontual de “risk-off” liderado, em grande medida, por um ajuste das bolsas nos EUA. No Brasil, vejo alguns sinais de estabilização política, o que poderia dar algum impulso positivo ao mercado de renda fixa e câmbio, caso confirmado uma postura mais proativa do governo no tocante a negociação com sua base aliada, e o aumento da probabilidade de aprovação das medidas de ajuste propostas para e equipe econômica. Apenas avanços políticos concretos no Congresso serão capazes de reduzir o pessimismo com relação ao país.
Brasil – A despeito do forte movimento negativo nos ativos de risco ao redor do mundo na terça-feira, o mercado de câmbio e juros local tiveram um dia de recuperação. Ao longo do dia, observamos os primeiros sinais de trégua política entre o Governo e seu principal partido da base aliada, o PMDB. Além disso, há indícios de que o Governo continua trabalhando com o intuito de dar maior transparência e formalidade à administração da Petrobras, com rumores dando conta de que Murilo Ferreira, um executivo de mercado, mesmo que ligado ao PT, assumindo como presidente do conselho da empresa. O cenário de curto-prazo segue extremamente desafiador, mas os ativos locais já embutem prêmios de risco significativos em seus preços. Vejo os avanços políticos como um vetor essencial para a estabilização da situação econômica local. Vejo um acordo entre o governo e sua base aliada para a aprovação das medidas de ajuste fiscal, mesmo que através de alterações marginais na medidas, como um passo extremamente importante na direção de acalmar os ânimos dos mercados. O grande problema, assim, ficará por conta da insatisfação popular, demonstrada nos últimos dias através de vaias ao discurso da presidente em cadeia de radio e TV, e em sua visita a uma feira de negócios em SP ontem. As manifestações do dia 15 de março prometem trazer mais uma pitada de desafios a este governo. A amanhã teremos a divulgação da Ata do Copom. O mercado ainda precifica altas de 80bps+50bps+30bps nas próximas reuniões do Copom. Aindas trabalho com um cenário de 50bps+25bps, no máximo, exceto por uma nova rodada agressiva de depreciação cambial. Assim, vejo espaço para posições aplicadas na curva de juros. Porem, as posições devem ser feitas com parcimônia, pois a volatilidade continua elevada, e os riscos não desprezíveis.
China – Os dados de atividade economia de fevereiro mostraram uma economia em franca desaceleração, sem qualquer sinal consistente de estabilização do crescimento. O cenário de menor crescimento estrutural do país no longo-prazo, que temos observado neste espaço há algum tempo, parece estar se concretizando de maneira ainda mais evidente nos últimos meses. O governo dispõe de amplo arsenal de medidas para dar suporte ao crescimento, o que deve ser colocado em pratica nos próximos meses. Contudo, ainda vejo o país como o principal risco para economia mundial ao longo deste ano. Em um ambiente de crescimento pífio, o governo vem trabalhando com o objetivo de dar algum suporte a economia. Segundo o HSBC: Local media reported that Beijing has given the green light to swap RMB3trn local short term loans with longer term bonds. There is some speculation that these new bonds will be bought by the PBoC, amounting to outright Quantitative Easing (QE). While a loan to bond swap is already a part of Beijing's plan, and will likely accelerate in the coming quarters, we believe the buyers will likely be banks and other financial institutions rather than the PBoC. This will help strengthen fiscal discipline and bring more transparency to the future borrowing process. Although deflationary risks are on the rise, Beijing has sufficient policy ammunition in terms of traditional monetary tools (policy rate, reserve ratio) and fiscal spending to counter deflationary risks in 2015. QE is a nuclear option, and is unlikely to be needed.
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