Cortes de juros continuam ao redor do mundo

Os ativos de risco estão apresentando sinais de recuperação essa manhã, com as bolsas e as commodities em alta, o USD fraco ao redor do mundo e com um fechamento de taxas de juros nos EUA, o que está dando algum suporte aos ativos EM. A despeito deste movimento positivo, ainda vejo sinais de fragilidade nas bolsas norte americanas, o que pode acabar impedindo uma melhora mais consistente dos mercados nos próximos dias. Acredito que um movimento até, pelo menos, os 2.000 pontos no S&P seria uma correção natural e saudável para esta fase do ciclo econômico.

Na agenda do dia, destaque para as  vendas no varejo nos EUA, e para as votações na pauta do Congresso brasileiro.

O destaque da noite ficou por conta de uma inesperada queda de juros por parte do BoK na Coréia do Sul, caindo a sua taxa base para 1.75%. A medida segue a mesma postura de outros bancos centrais ao redor do mundo ao longo dos últimos meses, onde a política monetária expansionista virou um instrumento agressivo de suporte ao crescimento, em um ambiente de inflação perigosamente baixa e crescimento moderado.

Nesta linha, os dados de crédito de fevereiro, divulgados ao longo da noite na China, apresentaram forte expansão no mês. O numero confirma, assim, uma postura mais proativa e agressiva do governo chinês na condução de sua política monetária, fiscal e creditícia, com a intenção de colocar um piso no crescimento, e evitar novas rodadas de desaceleração na economia. Além dos dados positivos, há rumores na mídia de que  PBoC vem trabalhando junto ao bancos afim de reduzir os juros de mercado e de empréstimos, em um momento de aperto na liquidez local e necessidade de medidas que acelerem a economia do país. De acordo com a Bloomberg: “At the same time, the central bank has guided some lenders to lower deposit rates on concern they had been increasing them too quickly, people with knowledge of the matter said Thursday. Such caution suggests the PBOC wants to keep a degree of control even as it empowers banks to determine savings rates.”

No Brasil, a despeito dos imensos desafios que ainda teremos pea frente, no campo político e econômico, acumulam-se sinais de que Dilma estaria disposta a promover mudanças no seu núcleo de articulação política, com o objetivo de melhorar sua relação com o Congresso. O cargo de Mercadante e Pepe Vargas parece estar na berlinda. Como venho enfatizando, vejo alguns sinais de estabilização política nos últimos dias, o que poderia dar algum impulso positivo ao mercado de renda fixa e câmbio, caso confirmado uma postura mais proativa do governo no tocante a negociação com sua base aliada. Caso contrário, temos amplo espaço para novas rodadas negativas para os ativos locais. Apenas avanços políticos concretos no Congresso serão capazes de reduzir o pessimismo com relação ao país. Por hora, os desafios são imensos, o que deve ajudar a manter o mercado apreensivo e com volatilidade elevada.

Em relação a Ata do Copom, espero um documento muito parecido com aquele divulgado após a última reunião, exceto por atualizações pontuais no tocante ao ajuste de preços administrados e o novo patamar do câmbio. Acredito que a estratégia do BCB seja de manter-se flexível diante das incertezas de curto-prazo, mas sem sinalizar a urgência de uma aceleração do ciclo de alta de juros, como o mercado vem precificando. Com a curva de juros apresentando um cenário de altas de 70bps+45bps+25bps+10bps nas próximas reuniões do Copom, vejo valor em posições aplicadas taticamente. Contudo, o BRL ainda mostra sinais claros de fragilidade, o que deve ser acompanhando no detalhe. A tendência da moeda americana ainda parece ser de alta, mas o ímpeto do movimento me parece exagerado no curto-prazo. O cenário político continuará ditado a dinâmica dos mercados locais.

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