China em Foco

A despeito de um fraquíssimo HSBC Flash PMI na China, divulgado na noite de hoje (mais detalhes abaixo), os ativos de risco estão mantendo um tom de menor volatilidade e maior tranquilidade com relação a perspectiva de alta de juros nos EUA. Acredito que apenas uma surpresa positiva da inflação no país, com o Core CPI agendado para ser divulgado ainda esta manhã, será capaz de inverter essa tendência de realização de lucros das tendências recentes.

Na agenda do dia, destaque absoluto para o Core CPI nos EUA. Nos Brasil o foco ficará por conta dos dados de arrecadação de fevereiro, agendados para a tarde de hoje. Vale lembrar que há rumores de que os números fiscais, na margem, já mostram sinais de recuperação. No mês passado, a despeito de uma arrecadação em linha com a expectativas, o superávit primário surpreendeu positivamente as expectativas do mercado.

Brasil – A agencia de risco S&P manteve a nota de crédito do Brasil, e sua perspectiva, estáveis, retirando um risco de downgrade do curto-prazo. A agencia optou por dar o benefício da dúvida ao governo e esperar para medir qual será a capacidade desta equipe econômica em implementar o ajuste fiscal proposto no inicio do ano. Contudo, na noite de ontem, a agencia rebaixou a nota de crédito da Petrobrás, mantendo sua perspectiva negativa. A noticia é negativa, porém em parte esperada, pois mostra falta de avanços concretos no que diz respeito as condições de pagamento da empresa e a ausência de balanço, mas segue uma linha de raciocínio que já havia sido tomada pela Moody´s há algumas semanas atrás. A notícia positiva, assim, é que as agencias começam a mostrar que, no curto-prazo, não tem a intenção de olhar a Petrobras como proxy para a nota de crédito soberana, o que também retira uma “espada” da cabeça do mercado.

Os ativos locais estão basicamente seguindo o humor global a risco, na ausência de novidades locais relevantes. O cenário de curto-prazo continuará a mercê do ambiente político local, mas o externo deverá ajudar a ditar a dinâmica dos ativos brasileiros no curto-prazo. A curva local de juros continua apresentando bastante prêmio, com altas de 60bps+40bps+27bps+10bps nas próximas reuniões do Copom, o que me parece um exagero frente a um cenário de desaceleração acentuada da economia, restrição de crédito e apeto fiscal. Contudo, precisamos observar uma acomodação mais persistente no câmbio para o BCB ter o conforto de encerrar, pelo menos temporariamente, o ciclo de alta de juros. Vejo espaço para isto ocorrer no curto-prazo, caso não vejamos surpresas altistas de inflação nos EUA.

China – O HSBC Flash PMI recuou de 50.7 para 49.2 pontos em março, muito abaixo das expectativas de 50.5. O numero é a primeira evidencia de crescimento após os feriados de Ano Novo Lunar no país, e confirma um cenário extremamente desafiador para o crescimento chinês no curto-prazo. Como venho insistindo há alguns meses, vejo a economia chinesa como o maior risco para o crescimento mundial e para os mercados financeiros globais ao longo do ano de 2015. Acredito que os mercados dependentes da demanda chinesa estejam se sustentando na expectativa de medidas adicionais e agressivas de suporte a economia. Acredito que medidas de ajuste serão colocadas em vigor, mas serão medidas pontuais e localizadas, com intuito de suavizar a desaceleração econômica do país, mas incapazes de inverter a tendência de menor crescimento estrutural da economia. O modelo econômico chinês está esgotado, e todos os países que, no passado, passaram por este processo de adequação (Japão, Trigres Asiáticos e etc) tiveram um cenário turbulento e desafiador. Por a economia chinês ainda ser extremamente controlada pelo governo, este processo pode acabsr sendo mais suave, mas certamente o país não escapará de tempos mais cinzentos em algum momento nos próximos meses ou próximos anos.

Europa – A região continua mostrando sinais de recuperação econômica, uma vez mais sustentada pela Alemanha. O Markit PMI Manufacturing saiu de 51.0 para 51.9 pontos em março, acima das expectativas de 51.5 pontos. O Marki PMI Services passou de 53.3 para 54.1, acima das expectativas de 53.6. A região continua mostrando um cenário de crescimento em recuperação, inflação baixa e banco central agressivo, o que costuma ser uma receita positiva para os ativos de risco locais, salvo realizações pontuais.

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