Brasil: Política em foco

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom mais negativo, com as bolsas e commodities em queda, o USD forte, um fechamento de taxas dos bonds nos países desenvolvidos e uma nova rodada de pressão sobre os mercados emergentes. Não há um motivo aparente para a fraqueza, mas as negociações entre a Grécia e seus credores pode ser um vetor que já esteja trazendo volatilidade e incerteza aos mercados financeiros globais neste começo de semana.

A agenda do dia será agitada, com destaque para os números fiscais de fevereiro no Brasil. Nos EUA, o destaque ficará por conta do Chicago PMI e do Consumer Confidence.

Brasil – Os jornais de hoje estão trazendo um tom mais conciliador entre o governo e sua base aliada, com diversos artigos mostrando que Dilma e sua articulação política estão buscando um melhor entendimento com o Congresso. Além disso, o pragmatismo levou a presidente a a defender Levy e suas propostas de ajuste econômico, mesmo após as declarações mal interpretadas pela mídia que foram ditas por ele no final de semana. De acordo com Vicente Nunes, do Correio Braziliense: A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deram ontem a mais clara demonstração de como estão ligados umbilicalmente e dependentes um do outro. Não há como a petista levar o seu governo adiante sem o sucesso do programa de ajuste fiscal proposto pelo subordinado, e não há como Levy pular do barco agora, como se fosse um derrotado. Ele sabe o tamanho do cacife que terá caso consiga resgatar a credibilidade do país. Os afagos trocados publicamente entre os dois — Dilma, no Pará; Levy, em São Paulo — foram estrategicamente acertados. Puro pragmatismo. Com o governo fragilizado politicamente, a economia no atoleiro e a popularidade presidencial no chão, não há por que haver um rompimento do projeto que, no Planalto, é chamado de “salvação”.

Segundo um artigo do Valor de hoje, Eduardo Cunha afirma que o ajuste fiscal será votado ainda em abril. Além disso, procurou adotar um tom mais conciliador do que aquele mostrada em entrevista ao jornal O Globo no final de semana:

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB­RJ), disse ontem em Porto Alegre que o projeto do governo que reduz a desoneração da folha de salários das empresas deve ser colocado em votação logo depois da Semana Santa. "Até o fim de abril estará votado", afirmou. "Da parte da Câmara, não há nada que atrase as matérias de ajuste fiscal", disse. Cunha procurou amenizar a afirmação, feita em entrevista ao jornal "O Globo" no fim de semana, de que seu partido apenas "finge" estar no governo. Ele disse que o PMDB "é governo", mas ressalvou que "pela irrelevância" da participação "no tempo dessa aliança [com o PT], o que aconteceu é que a gente praticamente fingisse que está no governo". Conforme Cunha, a entrevista ao jornal foi longa e a frase "saiu meio fora" do contexto, "consequentemente com uma conotação um pouco mais contundente". Ele disse porém, que não pretende se "ater no debate político do partido com o governo" e afirmou que, "se for para ajudar a reduzir" o número de ministérios, defende que o PMDB entregue todas as pastas que ocupa.

Em outro artigo do mesmo jornal, este escrito por Claudia Safatle, comenta que: O governo trabalha para antecipar do quarto, segundo as expectativas do mercado, para o terceiro trimestre deste ano os primeiros sinais de retomada do crescimento da economia. Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, a expectativa da área econômica é que no segundo trimestre o nível da atividade fique estável em relação ao primeiro e, a partir de uma reação no terceiro trimestre, o país possa chegar ao último período do ano com crescimento de 1% (com ajuste sazonal). Barbosa falou ontem ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Para que isso se confirme, porém, o ajuste fiscal é imperativo, assim como será preciso afirmar a convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2016. 

Europa – Na Alemanha, as vendas no varejo de fevereiro apresentaram queda de 0.5% MoM, levemente acima das epectativas de queda de 0.7% MoM, mas após revisão baixista do mês anterior de 2.9% MoM para 2.3% MoM. Na França, o Cosumer Spending do mesmo mês apresentou alta de 0.1% MoM, acima das expectativas de queda de 0.1% MoM e após revisão altista do mês de janeiro. Voltando a Alemanha, a taxa de desemprego recuou de 6.5% para 6.4% em março, com 15 mil indivíduos saindo da categoria de desempregados. OS números divulgados hoje confirmam uma região em franca recuperação, ajudada por uma política monetária frouxa e um enfraquecimento de sua moeda.

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