Fed: Mantenham os seus cintos de segurança afivelados e apertados.


Como era amplamente esperado, o Fed elevou as taxas de juros em 25bps. A grande surpresa em relação as expectativas do mercado ficou por conta de um comunicado muito mais neutro do que as expectativas previam, ou talvez clamavam, para este final de ano.

Powell e Cia. Mudaram as previsões de 3 altas de 25bps em 2019 para 2 altas de 25bps no ano que vem, ainda acima da única alta precificada pelo mercado. Poucas alterações foram feitas na previsão de PIB, taxa de desemprego e inflação. Poucas alterações relevantes no comunicado. O Fed ainda vê a economia americana relativamente saudável.

A decisão de hoje vai um pouco em linha com o que escrevi hoje cedo (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/12/fed-em-foco.html):

A despeito desta expectativa de um Fed mais dovish, não tenho certeza de que isso será o suficiente para estabilizar estruturalmente o mercado. Primeiro, porque o mercado já se ajustou para este cenário, após a curva de juros nos EUA precificar apenas cerca de 1 alta de 25bps ao longo de 2019 após a provável alta de 25bps na reunião de hoje. Segundo, pois além de bancos centrais menos duros, a questão do crescimento global parece estar dominando os receios do mercado neste momento. Terceiro, por mais que observemos alguma estabilização hoje, ainda tenho cautela com as perspectivas para este final de ano. A sazonalidade não favorece a tomada adicional de risco, já que os investidores estão, no geral, com desempenho ruim no ano e sem poder para tomada adicional de risco nos portfólios.

Com o risco de parecer repetitivo, por ora, não há vetores claros de sustentação estrutural para os ativos de risco. A normalização monetária irá continuar, mesmo que em ritmo mais brando do que este ano e os sinais de crescimento na China e Europa continuam preocupantes.
Assim, estamos vendo, neste momento, mais uma rodada de forte pressão nos ativos de risco. Os ativos do Brasil estão seguindo esta tendência. O S&P testa o nível de 2.500 e o Ibovespa o patamar de 86.000.

No Brasil, ainda vimos a decisão monocrática do Ministro do STF Marco Aurélio de Melo em liberar da prisão os condenados em segunda instância. A decisão pode favorecer figuras políticas relevantes, como o ex-presidente Lula. Ainda pode haver reversão deste quadro caso o presidente do STF reverta a decisão. Fora isso, cada caso será analizado individualmente pelo juiz do caso.

Em relação a Jair Bolsonaro, ume ex-assessor de um de seus filhos, envolto em investigações recentes, não compareceu, por motivos de saúde, em depoimento agendado para hoje. Este é um ruído que precisa ser acompanhado pois poderá trazer complicações para o início do governo. Ainda vejo este vetor como apenas um ruído de curto-prazo.

Na Itália, um acordo foi selado entre o país e a União Europeia, o que retira um obstáculo de curto-prazo para os mercados financeiros globais.

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