Volatilidade segue elevada.


Os ativos de risco apresentaram na terça-feira uma forte recuperação, liderados pelas bolsas dos EUA. Este tipo de movimento, caracterizado por elevada volatilidade, é natural em períodos como o que estamos convivendo hoje. Mantenho uma visão, com convicção ainda baixa, que o momento atual está sendo exacerbado por questões técnicas e que ainda não estamos “de fato” diante de uma mudança estrutural de cenário e dinâmica dos mercados financeiros globais.

Contudo, olhando à frente, vejo condições, nos próximos 3 a 6 meses, de uma mudança de fato no pano de fundo global, conforme ficar ainda mais claro que o hiato do produto nos EUA esteja fechado, a economia no pleno emprego e, consequentemente, que a inflação é uma realidade corrente. Assim, a normalização monetária nos EUA (e em outras importantes regiões do mundo) deveria não apenas continuar, mas, talvez, inclusive, se intensificar.

Neste ínterim, vejo espaço para os investidores “comprarem” a ideia de diferenciação entre classes de ativos e regiões. Por exemplo, as bolsas dos EUA podem acabar operando em “range”, sem tendência definida, mas com bom desempenho das bolsas EM. O diferencial de “valuation”, a posição técnica, os fluxos e os fundamentos aparentemente melhores na comparação relativa poderiam embasar um cenário como este.

Não há novidades relevantes locais no Brasil. O destaque ficará por conta da reunião do Copom. Vejo a Taxa Selic caindo para 6,75% e permanecendo neste patamar até, pelo menos, o final do ano. Vejo uma probabilidade, hoje mais baixa, da Selic atingir 6,5%. O BCB não deverá fechar a porta para isso na decisão de hoje, mas me parece, neste momento, um cenário mais remoto. Não gosto do risco/retorno da parte curta das curvas de juros no Brasil. Acredito que ainda exista valor na parte intermediária das curvas reais e nominais, assim como na curva longa, Prefiro manter exposição na curva de juros reais neste momento. Os ganhso na curva de juros, a partir de agora, serão mais moderados e mais demorados, O risco/retorno é pior, mas ainda consigo ver espaço para ganhos de capital, especialmente na parcela longa da curva real, como nas NTNBs 2050.

Tenho buscado manter um portfólio mais balanceado. Mantenho posições de pequenas para médias em Brasil, concentrada na parte longa da curva de juros reais, com uma pequena posição vendida em dólar (comprada em BRL) via estruturas de opção com perda limitada e uma posição pequena em bolsa via “stock picking”. No portfólio externo, a posição central continua a ser tomada em taxas longas de juros nos EUA. Mantemos nosso Long JPY. Zeramos nossa posição tática vendida em AUD e SPX iniciada no final de janeiro.
Olhando para frente, deveremos manter este mesmo tipo de postura. A posição em BRL já ficou bastante reduzida pela perda de delta. Não estou com pressa de voltar a elevar a alocação, pois estou revendo o cenário após os eventos recentes. Estou de olho no Ibovespa, aonde vejo espaço para um bom desempenho, mesmo que relativo, e onde as vols implícitas estão baixas para manter alocações compradas.

No cenário externo, conseguia ver uma realização entre 5% e 10% da bolsa nos EUA (o que já aconteceu), mas uma correção mais acentuada dependerá dos dados econômicos, como descritos acima. O VIX encontra-se em torno de 30%, patamar elevado historicamente.Consigo ver picos acima de 20% e uma média mais próxima as médias de longo-prazo a partir de agora. A Treasury de 10 anos me parece esticada no curto-prazo, mas continuo convicto na abertura de taxas em termos estruturais.



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