[UPDATED] All eyes on Fed Chair Powell.

Mercados & Comentários:

Na expectativa do discurso de Powell, novo presidente do Fed, ao Congresso nos EUA, os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom um pouco mais misto. Neste momento (6h00 de Brasília) vemos uma leve queda das bolsas, um dólar e commodities mais mistas e uma pequena abertura das taxas de juros nos EUA e demais países desenvolvidos.

A noite foi relativamente esvaziada em termos de dados econômicos. Além de Powell, a agenda trará Durable Goods e Consumer Confidence.

No Brasil, a mídia continua focada em um cenário eleitoral que pouca informação nova e concreta trouxe para a dinâmica dos mercados locais nas últimas semanas, exceto pela condenação de Lula em segunda instância. O cenário econômico segue ciclicamente bastante positivo.


Os ativos de risco estão apresentando mais um dia de bom desempenho, de maneira geral. Para não soar repetitivo, minha visão de curto e longo-prazo foi descrita em mais detalhes nos últimos dias e pode ser lida aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/updated.html.

Em termos gerais, a estabilização das Treasuries nos EUA abaixo de 2,9% parece estar dando um alento aos mercados financeiros, em um pano de fundo de crescimento global ainda robusto e a despeito dos sinais cada vez mais claros de um “renascimento” das pressões inflacionárias nos EUA.

Passado o ajuste técnico dos ativos de risco na primeira quinzena de fevereiro, o mercado parece mais balanceado. Uma nova rodada de deterioração irá demandar novos sinais inflacionários no mundo desenvolvido, especialmente nos EUA. Enquanto isso, o mercado sinaliza que há demanda e disposição pela busca por ativos com posição técnica saudável, “valuations” atrativos e fundamentos sólidos. Neste contexto, os ativos emergentes já viraram consenso entre os sell-sides e muitos buy-sides. Em algum momento, isso pode ser uma restrição a apreciações adicionais. Por ora, “the trend (and the flow) is your friend...”.

O Brasil vem se beneficiando deste pano de fundo e ainda é impulsionado por um cenário econômico local bastante positivo. O destaque do dia ficou por conta do “bull  flattening” da curva de juros, em linha com nosso comentário no final da semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brazilian-rates.html).

Dados econômicos:
No Brasil, destaque para as contas externas. A conta corrente apresentou déficit inferior as expectativas (US$4,3bi vs US$5bi esperados) com surpresa positiva do FDI (US$6,5bi vs expectativas de US$3,8bi). Acho válido chamar a atenção para o forte fluxo na conta capital, com entrada superior a US$10bi em renda fixa e renda variável. O fluxo é elevado inclusive para a sazonalidade deste período do ano (janeiro).

Os números de hoje confirmam nossa visão de contas externas saudáveis e poucos riscos nesta frente. De qualquer maneira, o BRL deverá continuar seguindo o humor global a risco. Tenho um viés mais positivo com o BRL neste estágio e próximo a 3,25, mas mantenho a visão de que ele deverá permanecer em uma banda entre 3,10 e 3,30 no horizonte relevante de tempo.

A arrecadação de janeiro também surpreendeu as expectativas positivamente, reforçando o cenário base de que até mesmo o quadro fiscal, o grande problema do país no longo-prazo, será favorecido pela recuperação cíclica da economia, com mais crescimento, melhora do emprego, inflação e juros mais baixos.

Agenda:
O destaque da agenda de amanhã ficará por conta da apresentação de Powell, novo presidente do Fed, ao Congresso americano. Powell falará em nome do Comitê. Assim, deverá reforçar a visão de que a política monetária deverá seguir na direção de normalização. Devemos esperar mais altas de juros e a continuidade do balanço do Fed. Powell deverá mostrar um tom mais otimista em relação a recuperação da economia e pode dar algum sinal mais forte de sua visão em relação ao potencial impacto da Reforma Tributária. Qualquer sinalização muito diferente desta poderá ter impacto imediato e relevante nos mercados.

A curva de juros nos EUA precifica probabilidade em torno de 90% de mais uma alta de 25bps nos Fed Funds em março. A curva precifica cerca de 2,5 altas de 25bps este ano, mas poucas altas em 2019. Ainda me parece haver espaço para ajustes nesta frente (juros mais altos) ao longo do ano e conforme o cenário de crescimento sólido e inflação ascendente for se confirmando.

Visão & Posição:
Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.


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