Sem tendências relevantes
Mercados:
Os ativos de risco estão operando sem tendências definidas nos últimos dias. Ontem, por exemplo, o dia foi de enfraquecimento generalizado do dólar no mundo, mas após um fortalecimento da moeda no dia anterior. O S&P, já por alguns dias consecutivos, opera em uma estreita banda de 2700 com 2750 pontos.
No Brasil, a quinta-feira foi marcada por um “bear flattening” da curva de juros, com o mercado aparentemente ajustando posições excessivamente aplicadas na parte curta da curva (até o Jan20) para a divulgação do IPCA-15. O BRL continua seguindo o humor global a risco em torno do dólar no mundo, enquanto o Ibovespa se favorece da melhora cíclica da economia e de um fluxo bastante positivo de um mercado que busca alternativa a um CDI abaixo de 7%.
Agenda:
O destaque do dia ficará para o IPCA-15 no Brasil. As coletas apontam para um número baixo e controlado. Nossa área econômica já trabalha com um IPCA fechado este ano que pode ficar abaixo de 3,5%, muito abaixo da meta do BCB e das previsões do mesmo. Este cenário deve garantir que a Taxa Selic permaneça abaixo de 7% ao longo de todo o ano, com uma probabilidade não desprezível de mais um corte de 25bps. Este pano de fundo continua a dar ancoragem a curva de juros locais, a despeito dos prêmios hoje estarem muito menores do que nos últimos anos.
Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais:
No Brasil, o CMN anunciou uma mudança técnica no requerimento para seguradoras e fundos de previdências, com o intuito de evitar um vetor que distorceu bastante o mercado de títulos públicos no Brasil nos últimos anos. Segundo o Valor Econômico:
O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou uma mudança na regulação dos fundos de previdência e seguradoras que vinha promovendo uma distorção tanto no mercado de títulos da dívida pública, notadamente as NTN-Fs, quanto na curva de juros futuros (DI).
Uma regra editada em 2015 determinava que o prazo médio mínimo da carteira (duration) de títulos deveria ser de dois anos. O objetivo na época era estimular o alongamento de prazos e fazer uma desindexação dos investimentos da taxa Selic. No entanto, ao longo do ano passado a existência dessa regra passou a gerar um aumento na inclinação da curva de juros futuros e uma demanda tão elevada por ativos prefixados que os títulos passaram a apresentar prêmios negativos persistentes.
Para atender à regra as instituições de previdência compravam um título prefixado de prazo longo e faziam uma operação casada no mercado de juros futuros para reduzir o risco de perdas com a volatilidade.
A regra passou a gerar distorções no mercado conforme mudou o cenário para as taxas de juros. A Selic caiu e a previsão do mercado é de juros baixos por mais tempo. Assim, o alongamento e desindexação das carteiras se torna algo mais natural.
O destaque da noite ficou por conta dos dados de inflação (CPI) no Japão. Os números ficaram levemente acima das expectativas, mostrando um quadro de aumento gradual da inflação no país. este dado se encaixa perfeitamente no nosso cenário base de “reflation” nas principais economias desenvolvidas e justifica a manutenção de nossa expectativa de continuidade do processo de normalização monetária nessas economias e taxas de juros estruturalmente mais elevadas.
As Minutas do ECB trouxeram poucas novidades ao mercado. Segundo o documento, existe um viés para os membros do Comitê buscaram alguma mudança na sua comunicação junto ao mercado no começo de 2018, caso o cenário se mantenha como o atual, ou seja, com uma recuperação robusta do crescimento e uma ascensão gradual da inflação.
Visão:
Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.
Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.
Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.
Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.
No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.
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