Hawkish Fed!

Os ativos de risco estão dando continuidade, hoje pela manhã, aos movimentos verificados após a decisão do FOMC, nos EUA, no final da tarde de ontem. Vemos uma leve alta do dólar no mundo, uma abertura de taxa das Treasuries mas com as bolsas globais ainda bem comportadas.

O grande destaque de ontem foi à decisão do Fed/FOMC nos EUA. Como era amplamente esperado, o Fed manteve sua política monetária inalterada. Contudo, promoveu algumas alterações sutis em seu comunicado que não passaram despercebidas pelo mercado. Além de darem um tom mais otimista com relação ao crescimento e a convergência da inflação para sua meta de 2%, o comunicado mostrou disposição por parte do comitê em promover altas adicionais na taxa de juros ao longo deste ano.

O mercado ainda precifica cerca de 60bps de alta de juros para este ano, enquanto as previsões do Fed apontam para 3 altas de 25bps (agora com perspectivas de altas adicionais a essas segundo o comunicado). A reação natural do mercado foi uma alta do dólar e um “flattening” da curva de juros. Por ora, ainda não há sinais consistentes de que a postura do Fed esteja afetando o humor para os demais ativos de risco.

Além da decisão do Fed, a agenda nos EUA trouxe um ADP Employment mostrando uma criação de 235mil postos de trabalho em dezembro, número bastante robusto. O Employment Cost Index apresentou alta de 0,6% QoQ no 4Q17, em linha com as expectativas. O número confirma uma trajetória gradual de aumento do custo do trabalho. Finalmente, vimos números de atividade econômica, como o Chicago PMI, mantendo-se em patamar saudável e elevado, condizente com um crescimento robusto da economia.

No Brasil, a Taxa de Desemprego apresentou mais um mês de recuo, com a continuidade do processo de recuperação dos rendimentos médios reais. Os números estão em linha com um cenário de recuperação do mercado de trabalho, que dar sustentação a recuperação do crescimento do país.

Os dados fiscais mostram um quadro ainda preocupante, mas a recuperação da economia levou o governo a superar a meta de déficit fiscal primário (menos déficit) em 2017. Os números mostram o potencial positivo que a recuperação cíclica da economia traz aos indicadores econômicos, o que deverá continuar ao longo deste ano, independente de fatores exógenos. Contudo, não podemos esquecer que para que esta recuperação cíclica se torne estrutural as reformas econômicas ainda são indispensáveis.

Hoje pela manhã observamos dados robustos de exportações da Coreia do Sul. Por ser uma economia aberta e com corrente do comercio elevada, estes números costumam ser vistos como proxy para o crescimento global. Assim, ainda vemos sinais positivos da economia mundial, a despeito do estágio avançado do ciclo econômico.

Finalmente, dados do setor imobiliária na Austrália levaram a uma forte queda do AUD (moeda do país) esssa manhã. Segundo o Morgan Stanley: Watch the Australian housing space. Building approvals in Australia fell sharply in December, reversing the sharp uptick in previous months. Approvals were down 5.5%Y (vs. consensus of +11.5%Y), with apartments leading the decline. The Sydney area saw a decline of 60%Y in apartment approvals to the lowest level in 3 years. A deterioration in housing would have large implications for the AUD, in our view. Yesterday’s weaker than expected headline inflation should see the RBA firmly on hold through 1H18, in our view, which should see rate differentials weigh on the AUD regardless of developments in the housing market.

Em termos de portfólio, continuo buscando uma posição mais neutra no curto-prazo. Mantenho exposição aos ativos no Brasil, focado na parte longa da curva de NTN-B, com alguma exposição comprada em BRL (vendida em dólar) via estrutura de opções com perda limitada e comprado em uma pequena carteira de ações locais. As posições em Brasil hoje podem ser consideradas entre pequenas e médias, já que acredito que continuaremos a seguir o humor global a risco.

No externo, continuo tomado em taxa de juros nos EUA como principal tema de investimento, administrando apenas tamanho e instrumentos. Mantenho uma posição comprada em JPY, mas menor do que como comecei o ano. Taticamente, ou seja, em menor escala e com stops mais curtos, estamos levemente vendidos em AUD e SPX desde final da semana passada.

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