All Eyes on the US Core CPI.
Os ativos de risco
abriram a terça-feira sob pressão, mas conseguiram reverter o movimento para
fechar o dia de ontem em tom mais positivo. Hoje pela manhã, está tendência
mais positiva prevalece. Não houve nenhuma informação nova para o cenário, o
que me leva a crer que os movimentos ainda estejam sendo liderados por ajuste
técnicos de posições.
O grande destaque do
dia ficará por conta do Core CPI nos EUA. O número já é bastante esperado pelo
mercado. Espero uma reação relativamente clássica ao indicador. Assim, um
número acima de 0,2% MoM pode trazer de volta a tendência de abertura de taxas
de juros e, consequentemente, alguma rodada adicional de pressão nos ativos de
risco. Um número menor do que este poderá ajudar a estabilizar o humor global a
risco, trazendo demanda para ativos como os ativos emergentes.
De maneira
geral, contudo, vejo os próximos meses ainda com extrema cautela e incerteza.
Um cenário mais propício para alocações táticas do que estruturais. Não será um
mês de inflação mais baixa do que o esperado que irá reverter totalmente o pano
de fundo de hiato do produto fechado, pleno emprego e sinais mais claros de
pressões inflacionárias nos EUA.
O novo presidente do
Fed, Powell concedeu declarações ontem onde basicamente sinalizou que, por
ora, cenário base de normalização
gradual da política monetária está mantido. Segundo o DB:
Staying in the
US, in the prepared remarks at his ceremonial swearing in, the new Fed Chair Powell reiterated
that “we are in the process of gradually normalising both interest rate policy
and our balance sheet with a view to
extending the recovery…” Elsewhere, he noted that “we will remain alert to any
developing risks to financial stability”, which to us
sounds all very comforting, but imagine the potential carnage had he suggested
that the Fed ‘won't’ be paying any attention to risks to financial stability.
Finally, he indicated the “financial system is incomparably stronger and safer,
with much higher capital and liquidity” and that “we will also preserve the
essential gains in financial regulation while seeking to ensure that our
policies are as efficient as possible”.
Os ativos no Brasil,
grosso modo, devem seguir o humor global a risco. Localmente, a mídia voltou a
reportar sobre os esforços do governo para aprovar a Reforma da Previdência.
Novas concessões poderão ser feitas. O mercado hoje não trabalha com o cenário de
aprovação de nenhuma medida. Assim, qualquer avanço nessa frente será visto
como positivo para o cenário local.
O cenário cíclico no
Brasil continua positivo. O crescimento dá sinais de estar mais consolidado e
espalhado, o mercado de trabalho mostra recuperação do emprego e dos
rendimentos, a inflação continua baixa assim como as expectativas de inflação.
As contas externas estão saudáveis e, até mesmo as contas públicas, o grande
problema estrutural do país, apresenta recuperação cíclica, ajudada pela
recuperação da economia.
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Os mercados
financeiros globais seguem sem tendência definida e com volatilidade elevada,
padrão que deverá se manter até que o cenário econômico se torne mais claro.
Ontem vimos uma recuperação dos ativos de
risco, liderados por uma alta em torno de 1,5% das bolsas nos EUA. Hoje já
estamos vendo alguma pressão adicional nos mercados. Tudo isso sem grandes
novidades de cenário ou quadro técnico.
Não tenho convicção
em afirmar que o ajuste técnico já tenha ocorrido e finalizado totalmente, e
nem mesmo em que fase estamos do ciclo econômico. Tenho apenas alguns
comentários.
Tenho uma convicção
elevada que estamos no estágio final do ciclo econômico nos EUA. Estamos na
fase de hiato do produto fechado, pleno emprego e sinais de inflação. Se a
economia ainda tem 3 ou 6 ou 12 ou mais meses de crescimento robusto sem uma aceleração
mais rápida da inflação eu não consigo afirmar com convicção, mas me parece
claro que dificilmente passaremos mais de 12 a 18 meses sem maiores problemas.
O Core CPI, a ser divulgado na quarta-feira pela manhã, poderá determinar se
teremos alguma acomodação de curto-prazo, ou se o ciclo pode de fato estar na
sua última fase. Neste último caso, ainda teríamos um amplo espaço para os
ativos de risco precificarem este novo ambiente global.
No tocante ao quadro
técnico, tenho pouco a agregar. Me parece que o ajuste inicial dos produtos
mais alavancados em estruturas de venda de volatilidade já ficou para trás, mas
ainda vejo uma outra potencial onda de ajustes em produtos menos alavancados,
porém com tamanhos muito mais relevantes para os ativos de risco (Risk Parity,
Vol Target Funds, Balanced Mutual Funds, CTAs e etc). O ajuste nessas classes
poderia leva meses, mas seria condicionante a continuidade de um cenário econômico
mais desafiador. Por isso a importância do Core CPI nos EUA a ser divulgado na quarta-feira.
Este começo de
semana, feriado de Carnaval no Brasil, trouxe poucas novidades do ponto de
vista econômico para os mercados financeiros globais. Apenas dois eventos
merecem atenção:
Primeiro, a divulgação
do Plano de Infraestrutura e o Orçamento para os próximos anos do Governo Trump
nos EUA. A divulgação ficou basicamente em linha com o que já vinha sendo
ventilado na mídia. Em termos gerais, o pacote de infraestrutura mira um gasto
em torno de US$1,5 trilhões, com uma parcela não desprezível vinda dos cofres públicos.
A conclusão geral, e mais importante para o pano de fundo temos descrito neste
fórum, é que o pacote eleva o déficit fiscal do país, em um momento de hiato de
produto fechado, pleno emprego, e sinais cada vez mais claros de pressões
inflacionárias. O DB resumiu assim o evento:
In the US, President Trump has proposed a $4.4trn federal budget for
2019 that seeks to
reduce domestic programs such as Medicare in favour of higher spending on the
military and immigration enforcements. The plans will see the deficit almost
double in FY19 to $984bln and rise $7.1trn over the next decade. Mr Trump said he would push for a “reciprocal tax” on imports against higher tariff
countries without providing details and reiterated his $1.5trn infrastructure plan of which $200bln federal funds
will act as seed funds to incentivise further spending by state and local
government as well as the private sector. Notably, both Reuters and NY Times
noted Presidential budgets are rarely enacted by the Congress. The budget
director Mulvaney called the plans as a “messaging document”, so we’ll wait and
see if these messages will translate into any reality.
Segundo, na China, os
dados de agregados monetários mostraram arrefecimento adicional. Os números estão
em linha com o cenário de uma desaceleração gradual da economia do país. Nos
últimos dias, o governo divulgou um comunicado, após a volatilidade recente dos
mercados financeiros globais, de que pretende manter uma política monetária prudente
e um crescimento balanceado.
O Brasil continua a
mercê dos eventos globais, sem novidades internas relevantes. A Reforma da
Previdência parece uma questão já deixada para trás. A mídia continua
especulando em torno da corrida presidencial, mas sem eventos concretos ou
informações novas. Continuo acreditando que os mercados locais irão seguir o
humor global a risco até que a corrida eleitoral fique mais clara para algum
lado (positivo ou negativo), quando poderemos ver algum descolamento da
dinâmica dos ativos brasileiros em relação ao resto do mundo.
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