Ainda sem luz no final do túnel.


O dia foi marcado por mais uma rodada de pressão nas bolsas globais. Temos dois vetores para analisar a situação. Primeiro, a questão técnica já comentada aqui ao longo da semana (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/quadro-tecnico-tenebroso-situacao-me.html). A situação me parece ainda frágil, mas não vejo, por hora, risco sistêmico. Podemos, sim, observar novas ondas de ajuste de posições em outras estratégias (CTAs, Risk Parity, Balance Mutual Funds e afins) nos próximos dias, que deveriam manter a volatilidade elevada e alguma pressão negativa nos ativos de risco. De forma geral, não vejo estes efeitos como duradouros a longo-prazo.

O segundo vetor fica por conta do cenário macro, onde vejo sinais mais preocupantes e que precisam continuar a ser monitorados. Podemos estar diante de uma mudança mais estrutural de cenário, com a alta nas taxas de juros nos países desenvolvidos levando a um pano de fundo menos trivial para os ativos de risco como um todo (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/eua-deficit-fiscal-juros-e-ativos-de.html).

Hoje vimos o Banco Central da Inglaterra (BOE) sinalizar para a eventual necessidade de acelerar o processo e normalização monetária no país. Este cenário está em linha com o que venho descrevendo aqui: Especialmente nos EUA (mas também na Inglaterra e, em menor escala e ainda em uma fase anterior do ciclo econômico, na Europa e Japão) vemos sinais de um hiato do produto fechado, pleno emprego e pressões inflacionárias. Isso deveria levar a necessidade de juros mais elevados e deixar de ser positivo para os ativos de risco que, no geral, apresentam preços/”valuations” mais apertados e uma posição técnica mais comprometida após quase 10 anos de valorização após a crise de 2008.

Ainda não tenho convicção completa nesta mudança de cenário, por isso tenho buscado um portfólio mais balanceado e adotado postura mais tática em diversas alocações.

No Brasil, o IPCA de janeiro ficou muito abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,29% MoM e 2,86% YoY. A surpresa positivo (baixista para a inflação) acabou se sobrepondo a decisão do Copom a anunciada na noite de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brasil-bcb-sinaliza-para-o-fim-do-corte.html). Assim, observamos um movimento não desprezível de “steepening” da curva de juros, ajudado pela dinâmica externa. Reforço a minha visão de que não vejo um bom risco/retorno da curva curta de juros. Nos atuais níveis, ainda vejo uma assimetria maior nas taxas longas, especialmente das NTN-Bs, mas muito menor do que no passado recente.

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