Brasil em Foco!

O cenário econômico local continua mostrando um quadro cíclico positivo. Os números recentes mostram um crescimento mais consolidado, espalhado e elevado. O mercado de trabalho está em recuperação, com a taxa de desemprego em queda e os rendimentos médios reais em alta. A inflação corrente continua baixa e as expectativas apontam para uma inflação abaixo da meta ao longo deste ano e, quiçá, o ano que vem. As contas externas estão saudáveis, já que o baixo déficit em conta corrente do país é amplamente financiado por fluxos considerados robustos e de longo-prazo, como os investimentos estrangeiros diretos. As contas públicas, ou seja, o quaro fiscal, é um grande problema de longo-prazo. Contudo, mesmo aqui, a melhora cíclica da economia ajuda a dar algum alento de curto-prazo. Isso não significa que as reformas econômicas não deixem de ser indispensáveis.

Temos duas incertezas pairando sobre o cenário. Primeiro, uma potencial mudança do cenário externo, que tenho feito observação diárias (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/) e não é objeto deste comentário. Segundo, o quadro político local, que poderá determinar se a recuperação cíclica da economia se tornará, de fato, em uma recuperação mais estrutural, ou em um ambiente estruturalmente mais positivo.

Nesta frente, existem mais incertezas do que convicções. A aparente retirada de Lula do pleito eleitoral, se confirmada pelo TSE, reduz substancialmente os riscos de um cenário alternativo de extrema esquerda. Todavia, o cenário político ainda é nebuloso e incerto neste momento.

Vamos fazer uma breve análise dos ativos locais:

BRL (Real/Câmbio) – Continuo vendo o BRL operar em uma banda ao longo dos próximos meses, entre 3,10 e 3,30, ou algo em torno deste “range”. Consigo ver o câmbio romper para abaixo dos 3,10 na eventualidade da eleição de um candidato reformista e pró mercado e se ajudado por um cenário externo favorável a um dólar fraco.

Ibovespa (Bolsa) – Até o momento, o movimento da bolsa local foi integralmente puxado pelas empresas e setores cíclicos, muito em linha com o que ocorreu ao redor do mundo. Ainda não vimos um cenário de recuperação de preços dos setores mais voltados para a economia doméstica e a história de recuperação interna. Acredito que chegará o momento em que teremos uma rotação entre setores e empresas, com os setores cíclicos com restrições de “valuations” e de um cenário externo mais desafiador, em detrimento a preços e um cenário mais atrativos para os setores mais dependentes da economia local. No geral, de todas as classes de ativos, a bolsa me parece o ativo mais capaz de mostrar reprecificação adicional.

Juros – Vejo a Taxa Selic entre 6,50% e 6,75% ao longo de todo o ano e um ciclo de ajuste monetário (alta de juros) relativamente contido no próximo ciclo de alta da Taxa Selic. Assim, existe ainda espaço para algum fechamento de taxas de juros no país. Contudo, vejo o risco/retorno deste mercado como muito pior do que no passado recente. Não acredito que seja o momento de ter posições excessivas nesta classe de ativos. Consigo ver um fechamento adicional de taxas, mas como o ditado popular costuma dizer, será como “tirar o bagaço da laranja”.

A parte curta da curva me parece justa porém a curva bastate “steep”. Contudo, para um fechamento de taxas mais acentuado da parte longa da curva, dependeremos de um cenário eleitoral positivo, o que não devemos ter visibilidade no curto-prazo.

Assim, tenho favorecido apenas posições pequenas na parte longa da curva de NTN-B.


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