A new hawkish sheriff in town?


Mercados & Comentários:
Os ativos de risco estão tendo um dia de “risk-off” clássico, após o discurso de Powell – novo presidente do Fed – ao Congresso americano ser lido como mais hawkish do que as expectativas. Neste momento, vemos uma queda nas bolsas e nas commodidites, um dólar mais forte no mundo e uma abertura das taxas de juros nos EUA. Os ativos no Brasil continuam seguindo o humor global a risco, mas vem demonstrando um “beta” menor, de certa forma “blindados” pelos fundamentos cíclicos mais positivos.

Powell descreveu um cenário bastante positivo, com riscos (em sua maioria) na direção da necessidade de mais altas de juros. Como os ativos de risco estão bastante sensíveis as taxas de juros nos EUA, a alta nas taxas acabou dando ímpeto a um movimento de realização de lucros nos ativos de risco após a recuperação verificada nas últimas duas semanas.

O movimento de hoje, liderado pelas declarações de Powell, apenas confirmam nosso cenário base de um mercado mais volátil e da necessidade de uma postura mais tática, de um portfólio mais neutro e da utilização de instrumentos que mitiguem riscos de cauda.

Dados econômicos:
No Brasil, destaque para o superávit fiscal primário de R$31,1bi em janeiro, muito superior as expectativas de R$23bi. O número reforça a minha visão de que até mesmo o quadro fiscal, o grande problema do país no longo-prazo, será favorecido pela recuperação cíclica da economia, com mais crescimento, melhora do emprego, inflação e juros mais baixos.

Nos EUA, o Durable Goods Orders ficou abaixo das expectativas. O número de soma a uma sequência de dados um pouco mais fracos divulgados nas últimas semanas. Vejo este processo de acomodação como natural nesta fase do ciclo econômico. Ainda não vejo motivos para alterar o cenário de um crescimento ainda saudável da economia este ano.

O Consumer Confidence, por sua vez, subiu de 124,3 para 130,8 pontos, acima das expectativas de 126,5. A abertura do indicador também foi bastante positiva, com o sub-indice de emprego atingindo o maior patamar em vários anos.

Agenda:
A agenda de amanhã traz o Chicago PMI como destaque nos EUA e a Taxa de Desemprego no Brasil como destaque.

Visão & Posição:
Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como o discurso de Powell hoje, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, manterei uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos à posição comprada em JPY.



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