US Fixed Income in Focus!


Mercados & Comentários:
Neste momento, os ativos de risco demonstram sinais de fragilidade. Continuo com um viés um pouco mais negativo no curto-prazo, pelos motivos já citados neste fórum nos últimos dias. Minha visão central continua a ser de manutenção de um portfólio mais neutro (mais detalhes abaixo, na última seção deste texto).

No Brasil dois eventos merecem destaque. Primeiro, o Instituto de Pesquisa Paraná divulgou uma pesquisa para Presidente da República no Estado de São Paulo. A pesquisa mostrou uma competitividade grande, especialmente entre Bolsonaro e Alckmin. Continuo acreditando que estamos muito distantes das eleições para este tipo de pesquisa fazer preço no mercado. Contudo, quanto mais perto chegamos do pleito, mais importante esses eventos se tornarão. Vejo a pesquisa de hoje como positiva, pois mostra uma competitividade grande de candidatos que são considerados menos traumáticos para o cenário econômico pós eleições, mesmo sabendo de todos os riscos existentes e as incertezas do plano econômico de muitos desses nomes.

Segundo, o Credit Suisse soltou um relatório dando um “downgrade” no mercado de renda variável no Brasil. O relatório parece estar afetando pontualmente o humor para a bolsa local.

Nos EUA, continuando o que escrevi aqui mais cedo em torno do mercado de “Money Market” no país (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/lower-china-pmi-watch-out-for-libor-ois.html), vale destacar que vimos mais uma rodada de abertura de taxas e spreads dos instrumentos de renda fixa com curta “duration” ao longo do dia, e mais uma abertura do LIBOR-OIS.

A despeito deste indicador ter sido um sintoma bastante negativo na crise de 2008, muitos afirmam que, neste momento, a abertura deste spread está mais ligada a uma questão técnica de aumento da oferta de “T-bills”, em um momento de demanda cadente, do que propriamente um sinal mais desastroso ou negativo para os mercados financeiros globais. De qualquer maneira, é um sinal que precisa ser monitorado.

Além deste efeito, diante do cenário atual de normalização monetária nos EUA, com alta dos Fed Funds e redução do balanço de Fed, alguns outros efeitos secundários também são sentidos no mercado de renda fixa dos EUA.

Um desses efeitos é o aumento do custo de hedge dos “Corporate Bonds” americanos para investidores do Japão e da Europa, grandes compradores destes papéis nos últimos anos. Essa mudança de cenário pode trazer grandes movimentos e transformações em um mercado extremamente expressivo para os ativos de risco.

Por ora, esses movimentos estão sendo ordenados, mas precisamos monitora-los atentamente, pois é um mercado de mais de US$4 trilhões, que pode ter impacto significativo nos demais ativos de risco.

Os artigos abaixo, o primeiro do Financial Times e o segundo da PIMCO, falam um pouco sobre o que está ocorrendo no mercado de renda fixa dos EUA de maneira mais didática:



Dados econômicos:
No Brasil, a Taxa de Desemprego subiu de 11,8% para 12,2% em janeiro, acima das expectativas de 12,0%. Mesmo o número dessazonalizado apresentou alta na mesma magnitude. Observamos alguma acomodação nos dados de rendimentos. De maneira geral, o número de hoje me parece apenas uma acomodação do emprego, e não uma mudança de tendência positiva.

Nos EUA, as revisões do PIB do 4Q18 não trouxeram informações relevantes novas. O Chicago PMI caiu de 65,7 para 61,9 pontos, abaixo das expectativas de 64,1. A despeito da queda, o número continua em patamar elevado e consistente com um crescimento robusto e saudável da economia.

O Consumer Confidence, por sua vez, subiu de 124,3 para 130,8 pontos, acima das expectativas de 126,5. A abertura do indicador também foi bastante positiva, com o sub-indice de emprego atingindo o maior patamar em vários anos.

Agenda:
A agenda de amanhã traz O PIB do Brasil como destaque local. Nos EUA teremos o Core PCE e o ISM Manufacturing como foco do dia.

Visão & Posição:
Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como o discurso de Powell hoje, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, manterei uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos à posição comprada em JPY.

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