All eyes on Fed Chair Powell.
Mercados & Comentários:
Os ativos de risco estão apresentando
mais um dia de bom desempenho, de maneira geral. Para não soar repetitivo,
minha visão de curto e longo-prazo foi descrita em mais detalhes nos últimos
dias e pode ser lida aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/updated.html.
Em termos gerais, a estabilização das
Treasuries nos EUA abaixo de 2,9% parece estar dando um alento aos mercados
financeiros, em um pano de fundo de crescimento global ainda robusto e a
despeito dos sinais cada vez mais claros de um “renascimento” das pressões
inflacionárias nos EUA.
Passado o ajuste técnico dos ativos
de risco na primeira quinzena de fevereiro, o mercado parece mais balanceado.
Uma nova rodada de deterioração irá demandar novos sinais inflacionários no
mundo desenvolvido, especialmente nos EUA. Enquanto isso, o mercado sinaliza
que há demanda e disposição pela busca por ativos com posição técnica saudável,
“valuations” atrativos e fundamentos
sólidos. Neste contexto, os ativos emergentes já viraram consenso entre os sell-sides e muitos buy-sides. Em algum momento, isso pode ser uma restrição a
apreciações adicionais. Por ora, “the
trend (and the flow) is your friend...”.
O Brasil vem se beneficiando deste
pano de fundo e ainda é impulsionado por um cenário econômico local bastante
positivo. O destaque do dia ficou por conta do “bull flattening” da curva de juros, em linha com
nosso comentário no final da semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brazilian-rates.html).
Dados econômicos:
No Brasil, destaque para as contas externas. A conta corrente
apresentou déficit inferior as expectativas (US$4,3bi vs US$5bi esperados) com
surpresa positiva do FDI (US$6,5bi vs expectativas de US$3,8bi). Acho válido
chamar a atenção para o forte fluxo na conta capital, com entrada superior a
US$10bi em renda fixa e renda variável. O fluxo é elevado inclusive para a
sazonalidade deste período do ano (janeiro).
Os números de hoje confirmam nossa
visão de contas externas saudáveis e poucos riscos nesta frente. De qualquer
maneira, o BRL deverá continuar seguindo o humor global a risco. Tenho um viés mais
positivo com o BRL neste estágio e próximo a 3,25, mas mantenho a visão de que
ele deverá permanecer em uma banda entre 3,10 e 3,30 no horizonte relevante de
tempo.
A arrecadação de janeiro também
surpreendeu as expectativas positivamente, reforçando o cenário base de que até
mesmo o quadro fiscal, o grande problema do país no longo-prazo, será
favorecido pela recuperação cíclica da economia, com mais crescimento, melhora
do emprego, inflação e juros mais baixos.
Agenda:
O destaque da agenda de amanhã ficará
por conta da apresentação de Powell, novo presidente do Fed, ao Congresso
americano. Powell falará em nome do Comitê. Assim, deverá reforçar a visão de
que a política monetária deverá seguir na direção de normalização. Devemos
esperar mais altas de juros e a continuidade do balanço do Fed. Powell deverá
mostrar um tom mais otimista em relação a recuperação da economia e pode dar
algum sinal mais forte de sua visão em relação ao potencial impacto da Reforma
Tributária. Qualquer sinalização muito diferente desta poderá ter impacto
imediato e relevante nos mercados.
A curva de juros nos EUA precifica
probabilidade em torno de 90% de mais uma alta de 25bps nos Fed Funds em março.
A curva precifica cerca de 2,5 altas de 25bps este ano, mas poucas altas em
2019. Ainda me parece haver espaço para ajustes nesta frente (juros mais altos)
ao longo do ano e conforme o cenário de crescimento sólido e inflação
ascendente for se confirmando.
Visão & Posição:
Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as
Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente
discutido neste fórum.
Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do
ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho
dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18
meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca
constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o
momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long
Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long
Risk-Off”.
Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano
será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda
mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos
instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções,
por exemplo).
Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de
que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os
“valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode
favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países
desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O
cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo
quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o
ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração.
Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.
Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no
Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em
momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.
No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em
juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via
opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.
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