Wild Ride!

O dia começou com um cenário de tranquilidade e com uma agenda econômica favorável nos EUA, o que transpareceu em um movimento de “risk-on” para os ativos de risco e, em especial, para os ativos no Brasil. No meio da tarde, após as Minutas do FOMC, mas não necessariamente devido as Minutas, os ativos de risco sofreram uma forte invertida de direção, e passaram a operar com movimentos de clássico “risk-off”.

Os dados econômicos divulgados no EUA reforçaram o cenário de uma economia saudável com o mercado de trabalho robusto, provavelmente muito próximo do pleno emprego. O ADP Employment apresentou a criação de 263 mil postos de trabalho em março, acima das expectativas de 185 mil. O ISM Non-Manufacturing recuou de 57,6 para 55,2 pontos, abaixo das expectativas do mercado. A despeito da queda, o número permanece em um patamar condizente com um crescimento saudável da economia. É natural esperar alguma acomodação dos PMIs/ISMs devido aos níveis historicamente elevados. O importante, contudo, é a manutenção de patamares que ainda mostrem expansão da atividade econômica, o que foi o caso do ISM Non-Manufacturing.

As Minutas do FOMC reafirmaram o que já vinha sendo amplamente ventilado por membros da instituição, ou seja, a economia encontra-se muito próxima dos objetivos do Fed, o que demandará a continuidade de um processo de normalização monetária. A instituição deixou claro o que tem em mente para o cronograma de redução de seu balanço, de certa forma em linha com o que o mercado vinha especulando. O Fed deverá optar por uma estratégia passiva de redução do balanço, preferindo não promover a venda de ativos, mas cessando os reinvestimentos.

Como explicar o movimento negativo do final da tarde?

No Brasil, uma pesquisa do Broadcast apontou forte rejeição do Congresso a Reforma da Previdência. No cenário externo, tivemos uma inversão de dinâmica no petróleo, após a divulgação dos estoques semanais, além de um comentário nas Minutas do FOMC a respeito dos elevados níveis das bolsas norte americanas. Além disso, o Congresso dos EUA ainda parece disfuncional, sem que haja um consenso de como será a agenda econômica daqui para a frente.

Entendo que existam incertezas no cenário local e externo que podem manter os ativos de risco mais voláteis no curto-prazo.

No Brasil, o foco deverá permanecer na Reforma da Previdência. Ainda confio na fala do Ministro da Fazenda Henrique Meirelles:

Broadcast - O governo vai ceder e modificar os pontos que os parlamentares não concordam, como a regra de transição? Meirelles - Estamos estudando aqui tudo o que seja razoável e que preserve os ganhos fiscais da reforma da Previdência. Isso que é importante.

Broadcast - Mas o governo aceita criar uma regra de transição para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos? Meirelles - Desde que se preserve os ganhos fiscais com a reforma da Previdência.

Broadcast - O atraso no cronograma da votação pode trazer problemas ao governo? Meirelles - Não. É um processo contínuo. O relatório deve ser apresentado no prazo, segundo nossas previsões. Mas depende do relator.


No cenário externo, ainda vejo o movimento de hoje como uma correção natural ainda em meio a um cenário construtivo para a economia global.

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