[Redux] Mercados Globais - Fasten your seat belt, but the scenario is still the same.

Os ativos de risco tiveram uma quarta-feira de pressão, quase que generalizada, ao redor do mundo. Não houve um vetor específico que explique o movimento, mas a aproximação do primeiro turno das eleições na França pode ser uma boa desculpa para a tensão de curto-prazo, aliada a uma rodada de alta de juros nos EUA, que acabou colocando pressão mais no dólar ao redor do mundo e nos ativos emergentes em geral. A forte queda no preço do petróleo também não ajudou o humor do dia.

Fundamentalmente, a despeito da volatilidade de curto-prazo, ainda não vi mudanças substanciais de cenário.

- A eleições na França é um evento, de certa forma, binário, de difícil mensuração, como ficou provado no Brexit e nas eleições norte americanas;
- A alta nas taxas das Treasuries me pareceu um movimento normal, dentro de um pano de fundo de forte fechamento de taxas nos últimos dias. As taxas de 10 anos ainda estão em torno de 2,20%, ou seja, vejo amplo espaço para abertura de taxas sem que isso cause um aperto expressivo das condições financeiras e um problema maisor para os países emergentes;
- A queda do petróleo me parece um movimento forte, porém natural, dentro deste novo “range” da commodity. Não sou especialista neste tema, apenas um espectador, mas me parece que o patamar em torno de US$50 ainda é um nível que pode ser considerado normal, sem impactos secundários para o mundo.

Como comentei recentemente, o primeiro turno das eleições na França irá ocorrer no próximo domingo. Nos últimos dias, ocorreu um movimento de “fechamento de gap” nas pesquisas eleitorais entre os 4 principais candidatos ao cargo. Por um lado, o avanço de Melenchon reduz o risco de vitória de Le Pen. Contudo, com as pesquisas mostrando os 4 candidatos com intensões de voto entre 18% e 22%, cresceu o risco de um segundo turno entre dois extremistas.

Com a memória do Brexit e das eleições dos EUA muito fresca no mercado, é natural esperar alguma volatilidade, e compra de hedges por parte do mercado ao longo desta semana. Acredito que há um prêmio de risco alto em algumas classes de ativos derivada do risco binário das eleições na França. Caso as eleições transcorram sem maiores problemas, acredito que poderemos ter uma rodada positiva para os ativos de risco.

O Brasil tem, em grande parte, seguido o humor global a risco, e ainda afetado pelo debate em torno das Reformas. O mercado local me parece bastante dividido entre aqueles que esperam a aprovação da Reforma da Previdência, e aqueles que não acreditam em sua aprovação, ou veem o texto atual como insuficiente para o bom andamento dos fundamentos do país.

Em termos de posição, vemos o mercado bastante aplicado na parte curta da curva de juros, um mercado totalmente dividido entre comprados e vendidos em dólar (BRL) e sem grandes posições direcionais no mercado de renda variável.

Minha visão é mais construtiva com o cenário local e o cenário externo. A volatilidade de curto-prazo é desconfortável mas compreensível. O primeiro obstáculo a ser superado será o primeiro turno das eleições na França e, ao longo dos próximos dias, o debate em torno da reforma da Previdência. Irei reavaliar minha visão com o decorrer do tempo.


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