Relatório Semanal de Asset Allocation:
A mesma frase com que iniciamos o último relatório ainda
permanece válida esta semana: A despeito da volatilidade dos ativos de risco
durante a semana, alguns indicadores divulgados nos últimos dias nos deram um
alento para manter o cenário construtivo para a economia global com a qual
temos trabalhado já há alguns meses.
- Nos EUA, os dados do mercado imobiliário em março
superaram as expectativas. Os indicadores de confiança (“soft data”) continuam
em patamares saudáveis, condizentes com um crescimento robusto da economia. O
primeiro trimestre do ano foi de crescimento mais fraco (“hard data” / PIB),
mas tudo indica que o crescimento prospectivo será melhor nos próximos
trimestres. Vale atentar, contudo, que nesta fase do ciclo econômico, com a
maior parte dos indicadores de confiança em picos históricos (ou deste ciclo
econômico) é natural esperar alguma acomodação/ volatilidade em torno destes
níveis.
- Na tarde de sexta-feira Trump afirmou que deverá
anunciar seus planos referentes aos cortes de impostos/Reforma
Tributária já nesta semana. Vale lembrar que nas últimas semanas o mercado
ficou bastante decepcionado com as ações (ou falta delas) do governo americano
no tocante à agenda econômica. Esta divulgação será importante para medir o
quão viável é o projeto econômico deste novo governo. Com as expectativas do
mercado bastante baixas, nos parece haver uma certa assimetria no que se refere
a este anúncio.
- Na Europa, a prévia do PMIs apresentou alta em abril,
superando as expectativas do mercado. Os demais indicadores de confiança (“soft
data”) da região apontam na mesma direção, ou seja, para uma aceleração do
crescimento prospectivo. O crescimento de curto-prazo (“hard data”) está em
linha com as expectativas, em níveis que podem ser considerados saudáveis para
a região.
- Na Coreia do Sul, uma economia bastante aberta, cuja a
corrente de comércio é vista como uma boa proxy para o crescimento global, as
exportações dos primeiros 20 dias de abril mantiveram trajetória positiva e
robusta.
- No Brasil, enquanto o governo continua travando uma
batalha para aprovar a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista deverá
avançar com mais celeridade, funcionando como um grande teste para o governo.
- O IPCA-15 apresentou alta de 0,21% MoM e 4,41% YoY,
abaixo das expectativas. O qualitativo do número continua favorável. O número
corrobora um cenário de continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, com um
corte de, no mínimo, 100bps em cada umas das próximas duas reuniões do Copom,
como os diretores do BCB tem afirmado. Nossa área econômica classificou o
número da seguinte maneira:
O qualitativo da inflação de serviços segue favorável
>> A inflação de serviços veio abaixo do esperado (Serviços:
+0.44% vs. AE: +0,49% e Serviços Subjacentes: +0,31% vs. BBG: +0,41%). Após
ajuste sazonal, a média móvel trimestral de serviços acelerou para 5,5% (taxa
anualizada) – em boa parte em função da passagem aérea. Por sua vez, a inflação
do serviços subjancentes (que exclui entre outros subtens a passagem aérea)
manteve em 2,8% (taxa anualizada). O índice de difusão de serviços (após ajuste
sazonal) seguiu relativamente confortável. A desaceleração do IPCA tem sido
disseminada.
- No tocante ao crescimento, a recente revisão promovida
pelo IBGE para a pesquisa das vendas no varejo mudou drasticamente a
“fotografia” do crescimento do país. Se, antes, o cenário que se desenhava era
de alguma estabilização do crescimento, mas em patamares baixos e sem qualquer
sinal de recuperação, agora, vê-se um ambiente em que o piso do crescimento
parece já ter sido alcançado e o país, talvez, tenha entrado em uma tendência
mais clara de recuperação, mesmo que ainda lenta e gradual.
Alocação/Estratégia:
Mantemos um viés positivo para o cenário econômico local e uma visão
construtiva para o cenário externo. Assim, mantemos uma visão positiva para os
ativos locais (bolsa, juros e câmbio). Acreditamos que faça sentido manter
exposição ao que é “vulgarmente” conhecido como “Kit Brasil”. Entendemos que o
processo de apreciação dos ativos não será linear. Momentos de incerteza
certamente afetarão a volatilidade e os preços dos ativos, o que irá requerer
certo “sangue frio” na estratégia de alocação. Por ora, mantemos uma visão de
que a recuperação do país e de seus ativos será um processo plurianual e não se
dará em poucos meses. Assim sendo, ainda vemos amplo espaço para uma
recuperação estrutural dos ativos do país. Neste momento, o grande risco fica
por conta da Reforma da Previdência. Se o governo falhar nesta frente, o
cenário poderá ser rapidamente revertido.
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