Brasil: Inflação tranquila e favorável/ Externo: "All about French Elections!"

Os ativos de risco estão apresentando um movimento clássico de “risk-on” nesta quinta-feira, com destaque para a alta das bolsas, e para a abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido.

Na minha visão, o movimento de hoje em nada se deve ao cenário econômico. Como tenho afirmado neste fórum há alguns dias, a despeito da volatilidade dos ativos de risco, vi poucas mudanças concretas de cenário. A proximidade das eleições na França me parece ser o vetor mais claro afetando a dinâmica dos mercados financeiros globais no momento.

Hoje, as últimas pesquisas de intensão de votos mostraram um cenário um pouco mais favorável para os candidatos considerados mais “pro Euro, pro mercado”, o que ajudou a dar ímpeto ao movimento de recuperação dos ativos de risco.

Nos EUA, no que tange a economia, o Jobless Claims se manteve em patamar condizente com um mercado de trabalho muito próximo ao pleno emprego. O Philly Fed arrefeceu de 32,8 para 22,0 pontos, mas amplamente normal para esta fase do ciclo econômico, e mantendo-se em patamar ainda saudável. A mídia reportou ainda que o governo continua trabalhando para um novo acordo em torno da questão referente ao “Health Care/Obamacare” mas, em paralelo, ainda continua trabalhando com afinco nas questões econômicas, como corte de impostos e um programa de infraestrutura.

No Brasil, os ativos locais continuam mostrando uma imensa “under performance” em relação aos seus pares e aos demais ativos de risco ao redor do mundo. A turbulência política envolvendo as reformas econômicas ainda parece estar afetando os investimentos no Brasil, além de um quadro técnico desfovarável para algumas classes de ativos (como o mercado de juros, por exemplo).

A despeito desse “mau humor” local, ainda vejo um cenário extremamente construtivo para o país. O IPCA-15 apresentou alta de 0,21% MoM e 4,41% YoY, abaixo das expectativas. O qualitativo do número continua favorável. O número de hoje corrobora um cenário de continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, com um corte de, no mínimo, 100bps em cada das próximas duas reuniões do Copom, como os diretores do BCB tem afirmado. Nossa área econômica classificou o número da seguinte maneira:

O qualitativo da inflação de serviços segue favorável
>> A inflação de serviços veio abaixo do esperado (Serviços: +0.44% vs. AE: +0,49% e Serviços Subjacentes: +0,31% vs. BBG: +0,41%);
>> Após ajuste sazonal, a média móvel trimestral de serviços acelerou para 5,5% (taxa anualizada) – em boa parte em função da passagem aérea;
>> Por sua vez, a inflação do serviços subjancentes (que exclui entre outros subtens a passagem aérea) manteve em 2,8% (taxa anualizada);
>> O índice de difusão  de serviços (após ajuste sazonal) seguiu relativamente confortável;
>> A desaceleração do IPCA tem sido disseminada.

O CAGED apresentou queda de 63 mil postos de trabalho em março, sem ajuste sazonal, muito abaixo das expectativas. O número dá força a tese de uma recuperação apenas lenta e gradual da economia e para a necessidade de um suporte da política monetária.


Reafirmo que mantenho uma visão construtiva para os cenários local e externo. No cenário externo, o mundo cresce a taxas saudáveis, com uma inflação ainda contida no mundo desenvolvido e as condições financeiras frouxas. No Brasil, as reformas estão avançando, a inflação está em estágio avançado de queda, os juros estão caindo e o ambiente é favorável aos países emergentes. Sou comprador de ativos do Brasil.

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