Relatório Semanal de Asset Allocation:
A semana foi marcada por alta volatilidade. Abaixo, fazemos um
breve resumo dos principais temas levantados nos últimos dias e nossa visão em
relação a cada um deles.
EUA – Empego: A despeito da geração líquida de empregos ter
ficado abaixo das expectativas do mercado (98 mil contra 180mil esperados, sem
contar revisões baixistas dos meses anteriores), a taxa de desemprego recuou de
4,7% para 4,5%, com a taxa mais ampla (underemployment) caindo de 9,2% para
8,9%. O rendimento nominal médio da hora trabalhada (average earnings) manteve
a trajetória de alta gradual, subindo 0,2% m/m e recuando de 2,8% a/a para
2,7%a/a.
A despeito da surpresa negativa da geração de empregos, ainda
vemos o mercado de trabalho robusto. Achamos natural a desaceleração da criação
mensal de vagas de trabalho em um ambiente de pleno emprego. A queda na taxa de
desemprego garante a manutenção de um cenário positivo para a economia do país,
e a necessidade de continuidade no processo de normalização monetária que vem
sendo promovido pelo Fed.
EUA – Dudley, do Fed de Nova Iorque: Um dos mais importantes
membros do comitê de política monetária (FOMC) concedeu entrevista com intuito
de explicar as declarações proferidas recentemente que, segundo ele, foram mal
interpretadas pelo mercado. Para Dudley, a redução do balanço do Fed não é um
substituto às altas de juros. É saudável trabalhar com um cenário de pausa
pontual nas altas de juros quando o balanço começar a ser reduzido, mas isso
não inviabiliza a continuidade do processo de aperto monetário.
Vemos a economia dos EUA bastante saudável e no pleno emprego.
Acreditamos que o Fed irá dar continuidade ao processo de alta de juros e
redução do balanço. Na nossa visão, o mercado de juros nos EUA não precifica
adequadamente este cenário.
Síria – A despeito da volatilidade inicial após os ataques dos
EUA a alvos no país, os ativos de risco passaram praticamente incólumes aos
eventos. Reforçamos que os eventos na Síria são uma tragédia humanitária, mas
deveriam causar pouco impacto nos ativos de risco, exceto em um cenário de
escalada negativa entre EUA e Rússia, o que ainda não ocorreu.
Summit EUA/China – Ao contrário do que era temido, Trump adotou
um tom bastante conciliador em relação à China. A reunião entre Trump (EUA) e
Xi Jinping (China) acabou sendo muito mais suave do que o imaginado nas
vésperas do evento. Trump finalizou o summit dando declarações muito mais
políticas do que aquelas que vinham sendo proferidas antes da reunião. Além
disso, a China sinalizou que está disposta a abrir seu país a setores
específicos da indústria dos EUA, em um sinal de avanço nas relações entre
ambos os países. Trump parece adotar um tom mais suave, percebendo que a
realidade da vida pública enseja relações mais diplomáticas do que o dia-a-dia
de um empresário privado. Os sinais recentes reduzem os riscos de uma onda
protecionista mais aguda nos EUA.
Brasil – IPCA: O IPCA de março ficou dentro das expectativas do
mercado, mas com um qualitativo bastante positivo (núcleos, difusão, serviços e
etc.). O número corrobora uma queda de 100bps na Taxa Selic no próximo Copom e
a expectativas de novos cortes na mesma magnitude.
Brasil – Meta Fiscal 2018: O Governo revisou para pior a
expectativa de déficit fiscal primário para 2018. Uma revisão já era esperada,
já que o Governo vem mantendo a transparência de revisar seus números de acordo
com as expectativas do mercado para crescimento, inflação e etc. Alguns players
reagiram de forma negativa à revisão, percebendo uma certa “falta de vontade”
para ajustes mais agressivos. Na nossa visão, o ajuste não pode ser visto como
positivo, mas achamos saudável que o Governo seja realista e não mire em uma
meta inviável. Além disso, a rigidez do orçamento impede ajustes mais
agressivos em prazos mais curtos. O ajuste fiscal no Brasil levará anos e está
apenas no começo.
Brasil – Reforma da Previdência: O processo de aprovação será
longo, tortuoso e não linear, mas ainda é esperado que uma Reforma decente seja
aprovada. É natural que o texto original sofra alterações (além dos 5 pontos já
explicitados pelo relator, a idade mínima para mulheres e a aposentadoria de
algumas classes específicas devem sofrer alterações), o que faz parte do
processo democrático e do jogo político. A reforma deverá manter o Brasil nos
trilhos da recuperação, mas demandará reformas adicionais ao longo do tempo.
Assim, não será a “salvadora” da pátria, mas não deverá prejudicar o cenário
relativamente construtivo para o país, na nossa visão.
Alocação/Estratégia:
Comentários
Postar um comentário