Relatório Mensal de Asset Allocation:

O cenário para Brasil sofreu poucas mudanças ao longo do mês. Tanto a inflação corrente quanto a esperada continuam baixas, inclusive com notícias bastante baixistas para o curto-prazo, como o anúncio da devolução de recursos para os consumidores anunciado pela Aneel. Este fato deverá causar uma baixa em torno de 17bps no IPCA de abril, ainda que parte dessa queda seja devolvida em maio. Nossa área econômica continua trabalhando com um IPCA de 3,8% para este ano e um pouco abaixo da meta para 2018. 

O BCB corroborou um cenário de corte de 100bps na taxa Selic em documentos e discursos oficiais, o que continua a dar sustentação à perspectiva de taxas de juros mais baixas no país.

A atividade econômica segue mostrando uma recuperação bastante lenta e gradual. O balanço de pagamentos se mostra confortável, enquanto as contas públicas estão sendo ajustadas a fim de cumprir as metas determinadas para este ano.

A Reforma da Previdência passa por um momento delicado, em que as negociações se tornam mais duras e explícitas. Como temos repetido de maneira insistente, a negociação da Reforma deverá ser mais delicada do que a do Teto do Endividamento. Negociações fazem parte do processo democrático e mudanças no texto original proposto pela equipe econômica devem ocorrer. O importante é que a espinha dorsal não seja modificada. Continuamos acreditando que, “aos trancos e barrancos”, uma reforma decente deverá ser aprovada.

Além da Reforma da Previdência, o governo trabalha simultaneamente em uma série de outras medidas, micro e macro, que aos poucos vão ajudar o país estruturalmente (Terceirização, Reforma Trabalhista, Concessões e etc.).

Neste contexto, ainda trabalhamos com um cenário construtivo para o país.

No cenário externo, os dados de atividade econômica global continuam robustos. Nos EUA, dois eventos merecem menção específica.

O Fed elevou a taxa básica da economia em 25bps, o que não era esperado até poucos dias antes da decisão. A despeito da surpresa, os mercados financeiros globais reagiram de maneira tranquila à decisão. A mensagem por parte da autoridade monetária continua a ser de gradualismo no processo de normalização monetária.

No campo político (ainda nos EUA), a grande novidade deste mês ficou por conta da derrota do Governo Trump no “Health Care Bill”, o que colocou em xeque a capacidade do governo em implementar uma agenda de reformas realmente impactante. Acreditamos que Trump e cia. irão aprender com os erros cometidos neste início de mandato,  aumentando assim a chance de conseguirem maior apoio em seu partido, e na oposição, para uma reforma tributária mais ampla e incentivos fiscais maiores.

Assim, embasado no cenário econômico, com números robustos ao redor do mundo, continuamos trabalhando com um cenário de “reflation” e achamos que as últimas semanas representam apenas uma pausa neste processo.

Os dados econômicos na Europa e na China estão seguindo a tendência dos EUA de recuperação. Nas últimas semanas, a China anunciou uma série de medidas visando frear o avanço excessivo em alguns setores. O crescimento de curto-prazo se mostra saudável, mas ainda existem enormes dúvidas em relação à sustentabilidade deste cenário, face aos enormes desafios que a economia chinesa apresenta a longo-prazo.

Alocação/Estratégia:

Neste momento, vemos o mercado de renda variável como o melhor risco/retorno dos ativos locais. Quanto ao mercado de juros reais e nominais acreditamos que uma posição estrutural deve continuar fazendo parte de qualquer alocação a risco no Brasil mas, de agora em diante, preferimos alocações na parte intermediária da curva, visando um movimento no qual o mercado retire prêmio de risco dos anos posteriores a 2017. No mercado de câmbio, continuamos não vendo grandes movimentos no BRL (Real), preferindo adotar postura tática na moeda. A sazonalidade de abril, contudo, poderá ajudar a manter a moeda ancorada e bem comportada, caso o cenário externo permaneça estático.

Fundo Icatu Vanguarda Macro Fundo de Investimento Multimercado:

Diante do cenário descrito acima, promovemos alterações importantes no fundo.

Mantivemos posições aplicadas na curva local de juros, administrando apenas os instrumentos e seus tamanhos.

Mantivemos uma posição tomada nas taxas de juros dos EUA, visando a manutenção de uma tendência de abertura de taxas de juros em meio a um cenário de recuperação econômica e inflação ascendente.

Zeramos a posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas. Ainda vemos a economia dos EUA em um estágio muito mais avançado do ciclo econômico e, consequentemente, do ajuste monetário, do que a maioria dos países desenvolvidos. Contudo, a manutenção de um processo gradual de ajuste monetário está mantendo o dólar sem tendência definida. Optamos por esperar um trigger mais claro para retornar, eventualmente, a posição.

Elevamos substancialmente a posição comprada em bolsa no Brasil, tanto via o mercado futuro como através de estruturas de opção.

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