Sinais alentadores da economia global. "Riscos de Cauda" reduzidos...
O começo da semana
trouxe novas notícias alentadoras para o cenário econômico global, o que confirma
minha tese de que, a despeito da volatilidade causada pelas incertezas
políticas/geopolíticas, o cenário econômico global continua saudável.
- Na China, os dados de atividade econômica
de março e do 1Q mostraram uma economia crescendo a taxas saudáveis/robustas,
além de acima das expectativas do mercado. Em especial, o PIB do 1Q apresentou
alta de 6,9% YoY acima das expectativas de 6,85 YoY. O Retail Sales se manteve
em 10,9% YoY, acima das expectativas de 9,7% YoY enquanto a Industrial
Production subiu 7,6% YoY contra expectativas de 6,3% YoY e o FAI apresentou
alta de 9,2% YoY YTD.
Os números de hoje são
condizentes com uma economia global robusta. É razoável supor que alguma
acomodação irá ocorrer nos próximos meses, após a implementação de medidas
específicas para evitar “bolhas” em alguns setores da economia. Nesta linha,
inclusive, já observamos uma desaceleração nos agregados monetários chineses.
De qualquer maneira, o “risco de cauda” proveniente da China foi reduzido no
curto-prazo, a despeito dos desafios de longo-prazo ainda existentes.
- No Brasil, após as revisões das Vendas do
Varejo promovidas pelo IBGE, o IBC-Br – uma espécie de PIB mensal coletado pelo
BCB – apresentou alta de 1,3% MoM em fevereiro, após alta de 0,62% MoM em
janeiro. O indicador, agora, apresenta queda de 0,73% YoY.
O número de hoje
reforça o cenário de que a economia do país pode já ter passado pelo o seu pior
momento e, de agora em diante, poderemos conviver com um cenário de recuperação
gradual do crescimento. Não vejo os ativos locais precificando devidamente as
chances de uma recuperação, mesmo que gradual, da economia.
A pesquisa Focus
divulgada semanalmente pelo BCB mostrou mais um recuo das expectativas de
inflação para 2017 e 2018. Este movimento ajuda a manter uma dinâmica favorável
da curva de juros, pois dá tranquilidade ao BCB em seu processo de cortes da
Taxa Selic.
- Nos EUA, o Empire Manufacturing saiu de
16,4 para 5,2, abaixo das expectativas de 15,0 pontos. A abertura do indicador,
contudo, apresentou um quadro mais otimista do que o “headline”. Além disso,
este é um indicador bastante volátil, de difícil leitura mensal.
O NAHB Housing Market
Index caiu de 70 para 68 pontos. O número continua em patamar historicamente
elevado e próximo aos picos deste ciclo econômico.
- O cenário geopolítico
ainda é fonte de preocupação. EUA, China e Rússia estão tentando adotar um tom
e uma postura mais conciliadora e diplomática, mas a Coreia do Norte, em
especial, é um país de extremos e de difícil leitura. Tendo a acreditar que
teremos que conviver com um cenário mais incerto nesta frente ao longo dos
próximos anos. Períodos de maior volatilidade pontuais devem ocorrer, mas
apenas uma “guerra declarada” deveria alterar “de fato” o cenário econômico.
Levando todos esses
vetores em conta, ainda vejo um ambiente bastante construtivo para os ativos de
risco, para os ativos EM e para o Brasil, em especial. Não é que não existam
riscos. Eles existem, e aos montes (eleições na França, Coreia do Norte,
aprovação das reformas econômicas no Brasil e etc), mas ainda vejo estes riscos
com probabilidade baixa de concretização e, em algumas classes de ativos,
prêmios de risco excessivamente elevados, como no caso das Treasuries nos EUA,
por exemplo.
Voltando ao Brasil, vale a pena destacar que o BRL
apresentou uma “under performance” bastante significativa nas janelas mais
curtas (menos de 3 meses), muito em função da postura do BCB nas rolagens de
swaps, como pela incerteza política. Caso esses dois vetores sejam superados,
existe um espaço significativo para um bom desempenho da moeda no curto-prazo. Vejo
um quadro técnico também positivo nesta classe de ativo, ao contrário do
mercado de juros.
Ainda trabalho com um
cenário de alta estrutural da bolsa do país. Vejo a correção recente como uma
oportunidade de alocação nesta classe de ativo.
Mantido o cenário
atual, tendo a acreditar em algum flattening da curva local de juros. Continuo
favorecendo a parte intermediária das curvas nominais e reais.
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