Previdência avança. Riscos geopolíticos contidos. Postura mais conciliadora de Trump.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. Não observamos uma escalada de ataques dos EUA na Síria durante o final de semana, como alguns poderiam estar temendo. O governo americano sinalizou que sua postura em relação ao país permanecerá a mesma. Os ataques da semana passada, assim, foram sinais de alerta ao Governo de Assad de que a utilização de armas químicas não serão toleradas e, caso utilizadas, serão fortemente combatidas.

No tocante a Coréia do Norte, uma fragata de navios foi enviada à região, em um claro sinal de alerta ao governo norte coreano de que os EUA estão dispostos a atuar isoladamente na região caso o país continue desrespeitado os acordos prévios, ou seja, se voltarem a promover testes balísticos e/ou seu programa de armamentos nucleares os EUA poderão promover ataques ao país, assim como ocorreu na Síria.

Vejo os dois eventos acima como riscos a estabilidade geopolítica global, mas de certa forma pontuais, localizados e de baixa probabilidade de escalada. A despeito de serem problemas humanitários gigantescos, deveriam ter pouco impacto estrutural nos mercados financeiros globais.

A reunião entre Trump (EUA) e Xi (China) acabou sendo muito mais suave do que o imaginado nas vésperas do evento. Trump finalizou o summit dando declarações muito mais políticas do que aqueles que vinham sendo proferidas antes da reunião. Além disso, a China sinalizou que está disposta a abrir seu país a setores específicos da industria dos EUA, em um sinal de avanço na relações entre ambos os países. Trump parece adotar um tom mais suave, percebendo que a realidade da vida pública enseja relações mais diplomáticas do que o dia-a-dia de um empresário privado. Os sinais recentes reduzem os riscos de uma onda protecionista mais aguda nos EUA.

No Brasil, os jornais continuam repercutindo a reforma da Previdência (detalhes abaixo). De maneira geral, o tom da mídia é menos negativo. O Governo parece mais confiante na reversão dos votos contrários a Reforma após os ajustes apresentados na semana passada. Além disso, foi dado início a uma clara campanha em favor da Reforma da Previdência, o que deveria ajudar a comunicação junto à população e junto aos parlamentares.

O fluxo de notícias do final de semana foi relativamente esvaziado, à medida que não trouxe informações adicionais ao cenário econômico, político ou geopolítico, local e/ou externo.

O destaque ficou por conta das entrevistas de Michel Temer e Henrique Meirelles ao jornal Folha de São Paulo de sábado. Ambos aproveitaram a oportunidade para defender as reformas em curso, em especial, a Reforma da Previdência. As entrevistas são um claro esforço do governo de melhorar a comunicação junto à população.

Inclusive, Meirelles afirmou que o governo irá dar inicio a uma campanha de marketing na grande mídia, nesta segunda-feira, dia 10 de abril, com o intuito de explicar a população os meandros da Reforma da Previdência. Segundo ele, a propaganda estava suspensa devido a decisão de um juiz, mas, agora, já foi autorizada.

As declarações e a postura do governo estão em linha com a minha visão de que, só agora, nos últimos dias, teve início uma campanha mais incisiva e agressiva para convencer os parlamentares e a população da importância da Reforma da Previdência. A campanha de marketing, aliada as negociação do governo junto, ao Congresso deve, aos poucos, angariar apoio à Reforma.

O processo será longo, tortuoso e não linear, mas ainda é esperado que uma Reforma decente seja aprovada. É natural que o texto original sofra alterações (além dos 5 pontos já explicitados pelo Relator, a idade mínima para mulheres, e a aposentadoria de algumas classes específicas devem sofrer alterações), o que faz parte do processo democrático e do jogo político. A Reforma deverá manter o Brasil nos trilhos da recuperação, mas demandará reformas adicionais ao longo do tempo, ou seja, não será a “salvadora” da pátria, mas não deverá prejudicar cenário relativamente construtivo para o país, na minha visão.

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