Reflation is Back!
Passado o “risco de cauda”
das eleições na França, os ativos de risco retomaram (com razão, como tenho
demonstrado neste fórum) a trajetória dos “Reflation
Trades”. Destaque para a abertura das taxas de juros nos países
desenvolvidos e para o bom desempenho das bolsas ao redor do mundo. Após uma
elevada volatilidade de curto-prazo, as commodities parecem ter encontrado um
suporte e voltaram a mostrar desempenho positivo.
Continuo com uma visão
construtiva para o cenário econômico global, baseado em um crescimento
saudável, uma inflação que sobe apenas gradualmente no mundo desenvolvido e
condições financeiras ainda bastante frouxas nos mercados globais.
No cenário econômico,
nos EUA, o New Home Sales de março
apresentou surpreendente e positiva alta de 5,8% MoM para 621k, muito acima das
expectativas de queda de 1,4% MoM e 584k. O Consumer Confidence de abril caiu
de 124,9 para 120,3 pontos, levemente abaixo das expectativas de 122,5. O
indicador continua em patamar historicamente elevado e condizente com um
crescimento robusto da economia.
Os indicadores de
confiança (“soft data”) continuam em patamares saudáveis, condizentes com um
crescimento robusto da economia. O primeiro trimestre do ano foi de crescimento
mais fraco (“hard data” / PIB), mas tudo indica que o crescimento prospectivo
será melhor nos próximos trimestres. Vale atentar, contudo, que nesta fase do
ciclo econômico, com a maior parte dos indicadores de confiança em picos
históricos (ou deste ciclo econômico) é natural esperar alguma acomodação/
volatilidade em torno destes níveis.
Existe uma grande
expectativas para o anuncio da Reforma Tributária por parte de Trump. A mídia
está ventilando a possibilidade do “imposto corporativo” (Corporate Tax) cair
para 15%, o que seria um enorme estímulo ao setor. Além disso, os resultados
corporativos trimestrais continuam mostrando uma tendência positiva.
No Brasil vejo os ativos locais reagindo a um misto de posição técnica
e reflexo da dinâmica externa. A abertura das taxas de juros nos EUA está dando
suporte ao dólar no mundo, o que acabou afetando a dinâmica do BRL e do próprio
mercado local de juros, cuja a posição técnica se mostra bastante desafiadora
(muitos players locais já
extremamente alocados nesta classe de ativos). O Ibovespa, por sua vez, um
mercado cuja posição técnica me parece “leve”, acabou seguindo o bom humor das
bolsas globais.
O cenário para o
mercado de juros, exceto por um erro político grave, continua extremamente
positivo. A inflação de curto-prazo está muito baixa, as perspectivas de inflação
continuam positivas (baixas) e, consequentemente, as expectativas de inflação
seguem trajetória descendente. No tocante ao crescimento, a recuperação se
mostra lenta e gradual. Há muito tempo não se tem um cenário tão favorável para
uma queda estrutural das taxas de juros no país.
A conta corrente de
março apresentou superávit de US$1,4Bi, muito acima das expectativas de
US$450mm. Grande parte da surpresa se deve a uma forte balança comercial neste
início de ano. As contas externas do país mostram uma dinâmica muito favorável
e confortável para o mercado de câmbio.
Comentários
Postar um comentário