Brasil: "Green Shoots"
No Brasil, a despeito da produção industrial de fevereiro ter ficado
abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,1% MoM contra expectativas de
0,7% MoM, começamos a ver sinais incipientes de recuperação da economia, como
os dados de vendas de veículos da Fenabrave divulgados ontem e as consultas do
SCPC divulgados hoje.
Ainda trabalhamos com
um cenário de recuperação extremamente lenta e gradual da economia, mas vemos
com otimismo os sinais recentes para a economia do Brasil.
Em relação a produção
industrial de fevereiro, divulgada hoje pela manhã, nossa área econômica
ponderou o seguinte:
>> PIM @ +0,1% m/m dessaz (vs. BBG: +0,6%m/m dessaz) e
-0,8%a/a (vs. BBG: +0,3%a/a); Ainda que o indicador geral tenha vindo mais
fraco, a abertura mostrou sinais melhores em bens duráveis e de capitais
(segmentos mais cíclicos); O índice de difusão (percentual de segmentos em alta
mensal) ficou em patamar relativamente elevado; Na média móvel trimestral, a
PIM cresceu 10% em termos anualizados (na série dessaz); Nossa proxy de
investimentos mostrou crescimento na margem em fevereiro; Até o momento, os
números mais recentes de atividade têm vindo aquém do esperado (principalmente
serviços), colocando risco para baixo na nossa visão de crescimento para o
primeiro trimestre.
O julgamento da Chapa
Dilma-Temer no TSE foi adiado, em um cenário que já vinha se desenhando há
algum tempo. O julgamento no TSE é um risco que
precisa ser devidamente monitorado. Acredito que os mercados locais só irão
reagir, de fato, a um desfecho negativo, mais perto da decisão do colegiado.
Olhando de hoje, um cenário de maior probabilidade parece ser de um processo
extremamente lento, que permita ao Governo Temer continuar governando e
implementando a agenda de reformas.
Os ativos locais
tiveram mais um dia de bom desempenho. O destaque, novamente, ficou por conta
da performance do BRL. A
moeda local vem mantendo uma dinâmica positiva desde o vencimento dos swaps
cambiais na Ptax do final do mês passado. O mês de abril promete um bom fluxo
para o Real, com uma safra agrícola recorde. O cenário externo construtivo, com
os juros nos EUA não mais apresentando abertura de taxas de maneira acentuada,
e com um crescimento global positivo, são vetores que acabam dando suporte a moeda
no curto-prazo.
Sou construtivo com ativos no Brasil. Neste momento prefiro o
mercado de renda variável ao demais ativos locais, mas acho fundamental manter
uma posição estrutural em juros reais e nominais, na parte intermediária da
curva. A sazonalidade de abril, aliada a um cenário externo tranquilo, pode
continuar ajudando o bom desempenho do BRL no curto-prazo.
No cenário externo, o resto da semana será importante, com ADP
Employment, Minutas do FOMC, Payroll e um encontro entre Trump (EUA) e Xi (China).
O cenário de crescimento global saudável continua. O quadro
político nos EUA demanda atenção, mas a direção do governo dos EUA parece
correta. Resta apenas ao governo tomar o caminho necessário da articulação
política para implementar a agenda de reformas.
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