Volatilidade maior (esperada) antes das eleições na França.
Eu tive um pequeno
problema técnico pela manhã, o que impediu o envio deste relatório em seu
horário usual. Devido a importância de alguns eventos desde então, acho válido
um breve resumo e avaliação do cenário.
- No Brasil, as Notas do Copom confirmaram
uma postura dovish por parte do BCB.
As Notas, na minha visão, trazem de volta à tona a possibilidade de uma queda superior
a 100bps nas próximas reuniões do Copom, reduzindo o risco de uma queda de
“apenas” 75bps. Riscos em torno deste cenário existem, mas a probabilidade de
uma antecipação ainda maior do ciclo de queda de juros, após das Notas do
Copom, se mostram maiores do que o imaginado anteriormente.
Diante deste cenário,
ainda parece haver amplo espaço para um fechamento da curva local de juros. No
que tange a política monetária, a parte curta da curva parece mais defensiva do
que o resto da curva. Contudo, acredito que passada a Reforma da Previdência e
as eleições na França, há espaço para uma queda do prêmio de risco país, que
favoreceria a parte mais longa da curva.
Falando em Reforma da
Previdência, o relator atrasou a leitura do texto na Comissão Especial da
Câmara, aparentemente para efetuar os últimos ajustes no texto, desta vez para
alterar a idade mínima de aposentadoria para as mulheres (ventila-se 62 anos).
Esta alteração já era, em parte, esperada.
O Governo parece estar
adotando uma estratégia de deixar o texto da Reforma totalmente preparado para
apresentação na Comissão Especial, no plenário da Câmara e no Senado. Me parece
que a ideia é ter um texto consensual, para facilitar a aprovação e evitar
alteração ao longo da tramitação do processo. Ainda é esperado a aprovação de
uma Reforma em torno de 70% da proposta original, mas ainda me parece existir
algum prêmio de risco nos ativos locais em torno deste tema.
- Nos EUA, os dados econômicos voltaram a decepcionar,
trazendo de volta o fantasma sazonal de um primeiro trimestre do ano bastante
fraco. Ainda há a expectativa de uma aceleração do crescimento do país,
sustentado por expectativas elevadas, condições financeiras frouxas e um mundo
que cresce a taxas saudáveis.
Os resultados corporativos,
até o momento, estão, na média, superando as expectativas do mercado, o que deveria ser um pilar de sustentação as
bolsas do país.
- Na França o primeiro turno das eleições
está se aproximando. O primeiro turno das eleições na França irá ocorrer no
próximo domingo. Nos últimos dias, ocorreu um movimento de “fechamento de gap” nas pesquisas eleitorais entre os 4
principais candidatos ao cargo. Por um lado, o avanço de Melenchon reduz o
risco de vitória de Le Pen. Contudo, com as pesquisas mostrando os 4 com
intensões de voto entre 18% e 22%, cresceu o risco de um segundo turno entre
dois extremistas.
Assim, com a memória do
Brexit e das eleições dos EUA muito fresca no mercado, é natural esperar alguma
volatilidade, e compra de hedges, por parte do mercado ao longo desta semana.
Acredito que há um prêmio de risco alto, especialmente na Treasury, em torno do
cenário político/geopolítico global. Caso as eleições na França transcorram sem
maiores problemas, acredito que poderemos ter uma rodada positiva para os
ativos de risco.
Comentários
Postar um comentário