Sinais de fragilidade

A noite foi de pressão sobre as bolsas da Ásia, o que está colocando um viés negativo nos mercados europeus. As bolsas americanas operam em leve alta, mas ainda mostram claros sinais de fragilidade. O movimento de fortalecimento do USD no mundo começa a se tornar uma tendência mais consistente, enquanto o mercado mostra um “fly to quality” para as Treasuries norte americanas e os Bunds na Alemanha. Em suma, não vejo alteração significativa no cenário desde o começo da semana. Os sinais de fragilizadade são aparentes e vem se acumulando. A sustentação dos ativos de risco nos atuais suportes é fundamental para evitar uma correção mais acentuada e prolongada. O price-action desta quinta-feira e sexta-feira será fundamental para definir a dinâmica de curto-prazo dos mercados.

Na agenda do dia, destaque para a decisão do Banco Central Europeu (BCE) na Europa e para o Jobless Claims nos EUA.

Brasil – Os dois próximos grandes eventos da semana serão a pesquisa Ibope para presidente, agendada para o JN de hoje, e o IPCA de julho, marcada para amanhã pela manhã. Sem uma definição política, os ativos locais devem seguir o humor global a risco. Caso tenhamos mudanças significativas no quadro político, podemos ter uma diferenciação dos ativos locais. Ainda acredito que os eventos recentes favorecem uma melhora da oposição nas pesquisas de curto-prazo. A agenda de hoje traz apenas o IGP-DI como destaque. Os jornais de hoje continuam dando destaque ao escândalo da CPI da Petro. Em artigo de hoje no Valor, Claudia Safatle diz que o governo pode ser obrigado a antecipar algumas medidas econômicas para acalmar o mercado. Estariam neste roll de medidas o ajuste de preço da gasolina, após as eleições, um aumento do tempo para os bancos se adequarem as regras da Basiléia 3, e uma indicação de como será administrado o BNDES de agora em diante.

Europa – A região tem sido um importante foco negativo essa semana, com os dados econômicos mostrando um cenário de crescimento mais desafiador do que o anteriormente esperado. Hoje foi divulgada a produção industrial da Alemanha de junho, que apresentou pífia alta de 0,3% MoM, muito abaixo das expectativas de alta de 1,2% MoM e após forte queda de 1,7% MoM no mês anterior. A decisão do Banco Central Europeu (BCE) será as 8h45 e já é esperado que nenhuma nova medida de estímulo monetário seja adotada nos próximos meses. Será interessante observar qual postura será adotada por Draghi na coletiva de imprensa após a decisão. Acredito que ele deverá manter as portas abertas para novas medidas de estímulo ao crescimento e a inflação, caso a economia não reaja nos próximos meses. Contudo, a agressividade de seu discurso é fundamental para manter a pressão sobre o EUR e os juros da região. Se Draghi falhar em ser agressivo o suficiente em sua postura, pode acabar ficando refém do mercado.

EUA – O Jobless Claims de hoje tem importância especial dado o aumento do debate em torno do timing e da velocidade do Fed no processo de normalização monetária. Devido a sazonalidade complicada deste período, em ocorrência do “retooling” das montadoras de veículos, podemos ter alguma volatilidade no indicador. Qualquer número em torno de 300 mil-330 mil deve ser visto de maneira positiva, pois mantém um patamar consistente com a continuidade do processo de recuperação do emprego no país.

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